Pular para o conteúdo principal
Filosofia Pop?!

Silvia Soares Santana
Uberlândia/MG


A filosofia não é pop, assim como diz a filósofa do fantástico, Viviane Mosé. Mas ela pode se tornar pop se as pessoas não tiverem um método ao iniciar as leituras e debates filosóficos. De modo bem simples método é a concepção de mundo de um determinado filósofo.

Todos nascemos filósofos. Mas filosofamos espontaneamente. O pensar é inato. Pensador é todo homem. Mas pensar por si só não basta, é preciso saber pensar.

O pop então seria o filosofar espontâneo, o que também não basta. O essencial é se elevar culturalmente, o que não significa aderir às filosofias prontas. Filosofar, embora seja uma atividade cotidiana, não pode ser tratada como modismo. Ora, se a elevação cultural e intelectual fosse possível através de manuais, muitos já teriam se elevado quando da publicação da obra O Mundo de Sofia. No entanto, o filosofar permanece espontâneo e medíocre. Sem desconsiderar a seriedade de tais obras, pois reconhecemos que muitos se enveredaram na filosofia por intermédio delas.

Não pretendo ser um tribunal contra o quadro apresentado por Viviane Somé, muito menos ir contra aos comentadores e autores de manuais e convites. Pelo contrário, considero fundamental o papel desses intelectuais, e como coloca a filósofa "tem um grau de banalização num interesse pela filosofia, mas, fica um rastro". E considero que a partir desse rastro que está sendo lançado no ar é que surge a vontade e, posteriormente, o prazer de se filosofar. Porque sem exceção todos os homens se comprazem em conhecer.

Mas o caminho é um pouco árduo até chegarmos nesse ponto que nos compraz. É árduo, pois o método é a própria obra do filósofo, cujo conteúdo diz respeito também a nossa realidade.

Todavia, para não cairmos na banalização, e nem tornar a filosofia pop, é preciso deixar a espontaneidade e retornar aos clássicos. E nestes, enquanto fonte primária, não há nada de excepcional. O que não dá para entender é o porque se subestima tanto a capacidade intelectual das massas.

E um estigma que deve ser banido é com a noção de que só acadêmico tem acesso aos clássicos. Como se, para leitura de tais textos necessitasse de uma mente brilhante. Como se, ao vulgo restassem somente os manuais. Não é preciso ser gênio e muito menos ser grego para filosofar. Já filosofamos cotidianamente.

Como tudo na vida, filosofar requer tempo. Mas este é uma questão de escolha e mudança de hábitos - ou você escolhe crescer intelectualmente ou você escolhe o caminho, os produtos e as idéias que outras pessoas pensaram para você. Quanto a primeira escolha somos responsáveis por ela, quanto a segunda já não podemos reclamar.

Enfim, comprar pensamentos prontos e idéias padronizadas nos parece mais fácil do que nos debruçarmos sobre nós mesmos e descobrir o potencial do nosso pensar.

A filosofia não pretende ser auto-ajuda, nem tem em si uma finalidade prática. Mas ela é justamente uma das maiores forças espirituais que nos impedem de soçobrar na barbaria e nos ajudam a permanecer homem e vir a sê-lo cada vez mais.




Comentários

Visitas