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Mostrando postagens de junho, 2010
Projeto resgata identidades por meio da cultura do cineclube Sim: Cinema Paradiso é um dos seus filmes preferidos. A proposta de levar o cinema “aonde o povo está” foi o que motivou a inscrição do projeto de um cineclube com sede em São Tiago, sua cidade natal, em um programa do Ministério da Cultura, que ambiciona implantar salas de cinema pelo interior do país. A formação em Filosofia e a especialização em Filosofia Clínica, ambas na UFSJ, deram substrato à paixão pela imagem como elemento de fruição estética e de transformação social, via resgate de identidades culturais. A matrícula recente no Curso de Comunicação viabilizou o desejo de tornar-se uma documentarista glauberiana, daquelas que trabalhariam bem com uma câmera (digital) na mão e uma ideia (aglutinadora) na cabeça (revolucionária). MARIANA FERNANDES, autora do projeto Cine Mais Cultura de São Tiago, quer resgatar o ritual do cinema, aquele que motiva as pessoas a saírem de casa para assistir a uma história proje
Comentário sobre a poesia: Farpas (Incompletudes) Andréa Kubota Filósofa Clínica São Paulo/SP Cada ser humano é único, singular. Essa frase expressa um dos pressupostos básicos do qual a filosofia clínica se utiliza para realizar o seu trabalho. Não existem duas pessoas que sejam idênticas em seu modo ser, sentir, pensar, enfim sua estrutura. O cheiro do café, o gosto do chocolate, a sensação do mar tocando nossos pés, o olhar de quem amamos, o abraço de um amigo, entre tantas outras situações e sensações tocam o íntimo de cada indivíduo de formas diferentes, belas e surpreendentes. O que machuca o meu interior, o que arranha os meus sentimentos, pode ter sabor de mel para você. As minhas farpas, não são as mesmas que as suas. Mas, o que são essas farpas? Mesmo a filosofia com todo o seu potencial para criar conceitos, compreender e muitas vezes tentar explicar a natureza, o mundo, as pessoas, suas relações e até mesmo o indizível, o transcendente, parece em alguns momentos
Espiritografia a la Miró Idalina Krause Filósofa Clínica Porto Alegre/RS Viver de espiar, espreitar ciclos de intensidades, o adoecimento que resiste à febre, o bater de queixos que se confunde com um riso louco. Vida por vezes famélica, alimentada insana pelos vestígios do dia, por traços letárgicos do que um corpo quer dizer. Fazendo germinar do mais íntimo, brotos que arrastam dedos e mãos, riscos deslizantes que o espírito impõe numa constelação, derramando figuras na superfície disponível de agora, entre gélidas madrugadas. Há um calor de inconformismo, um ar de liberdade, sonho, vida sem freios, como um cão latindo para a lua. Um impulso, uma força que faz inverter figuras, girar entre carnavais, uma réstia de filosofia, pensamentos, ação, entorpecimento, criação suspensa de qualquer controle. Não há exatidão, mas um gerar impreciso dos cabeludos pincéis molhados, misturado numa vertigem de cores, gestação de uma obra fecundada, inominada até nascer. Signos que aco
Eu, tu, Agna Gustavo Bertoche Filósofo Clínico Rio de Janeiro/RJ Bem sabes, leitora, que Agna é o fulcro de nossa união, numa intimidade inominavelmente secreta. Agna é em ti o que é ser-para-si em mim; o ser-em-si de Agna é sendo em mim. Ela fala em mim; grita em mim até seus pulmões explodirem. Suas mãos dizem o que é mágico, e buscam o segredo - mas só o meu segredo. Cara leitora: não há comunicação. É absolutamente impossível comunicar-se com outra mente. A linguagem é um absurdo. Quando lês minha obra, lês a ti mesma. Não há o G. escrito, aquele homem com quem tens uma intimidade intelectual despudorada por intermédio de Agna. Há apenas tu, e, para ti, pareço tal como sou. Sou tal como me vês e lês. Porque sabes que sou uma invenção tua. A impossibilidade da comunicação exige de nós muita criatividade, leitora. O escritor precisa fingir que escrfeve o que alguma doce mulher lerá, e esta finge que entende o que lê - e entende. A comunicação - qualquer comunicação - é
Copa do Mundo- Por que gostamos? Rosângela Rossi Juiz de Fora/MG Acordei cedo neste domingo final de outono. Céu azul de brigadeiro e ansiedade natural de todos que desejam ver a vitória do time do Brasil garantindo a vaga para as finais. Vendo a bandeira do Brasil vibrar em cada esquina e o entusiasmo de muitos, mesmo os que não acompanham o futebol no dia a dia, fico a pensar o que nos leva a este entusiasmo verde amarelo e de todos que vibram por suas bandeiras. Sabemos como filósofos que não existem verdades e que as definições são relativas, mas gostamos de tentar entender o porquê do comportamento humano, ainda mais quando somos psicólogos. O que nos leva a vibrar com 24 homens num campo correndo atrás de uma bola? A competição? A arte de vencer? A inteligência motora dos jogadores? A adrenalina de torcer? A liberação das repressões? Ou tudo isto
Linguagem e singularidade Mariana Flores Filósofa Clínica Rio de Janeiro/RJ A noção de linguagem que Wittgenstein apresenta nas suas Investigações Filosóficas, cuja concepção é a de que o significado das palavras depende de seu uso na linguagem, em Filosofia Clínica se traduz como um dos princípios dos cuidados de que deve ter o filósofo clínico ao exercer-se como terapeuta e cuidador nas acolhidas existenciais a que se dispõe, e que, adversamente às técnicas tradicionais da psiquiatria ou das psicologias tradicionais - que não fazem senão hermenêutica sobre o discurso ou expressividade do indivíduo – permitirá guardar o sentido mais original da palavra no contexto discursivo do sujeito, ou seja, respeitando ou limitando-se a entendê-lo somente a partir e à medida de uma singularidade existencial que, sendo singularidade, permite-se acessar a todo um vocabulário muito próprio, recheado de significados singulares para cada termo da linguagem como semiose. Aquilo a que ch
Adeus Saramago Rosângela Rossi Juiz de Fora/MG Que parta da mesma forma que viveu: Autenticamente. Que deixe em cada um de nós o desejo de escrever sem ponto, nos convidando a respirar do nosso jeito. “O homem é um homem como todos os homens, sonha” nos diz Saramago simplesmente na sua forma complexa e profunda de comunicar as angústias do humano. A cegueira falada nos seus ensaios nos faz aprender a ver o que tanto tentamos fugir. Chegou sua hora do seu fim. Seu ceticismo convida a viver a realidade como ela é. Amou e se encantou, quando muitos ao entrar nos sessenta param de apaixonar. Escreveu seus livros depois dos cinquenta denunciando e resistindo corajosamente. Usou as palavras certas e incertas e fez delas um dizer rasgante. Sua narrativa por vezes de humor satírico e cheias de fantasias nos encanta e assusta no sempre. Colecionador de palavras teceu filosofias do cotidiano: “Para temperamentos nostálgicos, em g
Um texto absurdo* Quando eu morrer, meu chalé cairá comigo, para dar lugar a mais um edifício de apartamentos. Chico Buarque Leite Derramado Imaginava um rascunho nalgum ponto entre as fronteiras do dizível. Ensaio onde realidade e ficção pudessem repaginar suas diferenças. Espécie de contragolpe na lucidez arrebatadora, a persistir naquilo que se busca esquecer. Tratativas com um quase na subjetividade por onde o dicionário ultrapassa suas origens. Talvez desenhar a ponte ideal onde os termos do raciocínio bem estruturado pudessem conviver com as contraditórias miragens. Como uma dança fugaz para acordar a racionalidade a cegar o próprio olhar. Nessa percepção de consciência alterada, os fenômenos seriam reconhecidos por seu apelido. Por esses monólogos sobre a ilusão da realidade e a realidade da ilusão, restaria o viés especulativo de um fim sem começo. Roupagens estranhas a vagar pela inesperada versão, onde tudo iria parecer inacessível ou fora de lugar. Conexão a
AGNA, PROSTITUTA DIALÉTICA Gustavo Bertoche Filósofo Clínico Rio de Janeiro/RJ Agna é como qualquer prostituta, mas não é - pois Agna é só em mim, mesmo quando é nos outros. Agna tem por mim paixão. A prostituição de Agna não sou eu que pago, mas tu. Então, só me resta cantar o amor que sinto por Agna e pelas nádegas brancas alvas, castas, puras, pias, santas, impolutas e inatingíveis de minha paixão. E pelos seios, e pelo dorso dela, que é macio e rosado, e pelas suas mãos, que só alcançam o que é segredo. Suas orelhas só ouvem o que é segredo. Sua boca só grita segredos. Mas o que mais gosto é quando Agna cospe em minha boca, e fala dentro de minha boca obscenidades. Grita na minha garganta, até meus pulmões ficarem surdos. Cheia de sangue, assim Agna é; e plena de licores, macios e amargos. Seus humores são, no entanto, quase transparentes - quiçá transparentes mesmo - e, sublime, mastiga-me como se mastigasse uma ostra. Mas sou eu que saboreio sua essência - você não. Eu
O que vem a ser Filosofia Clínica? Sônia Prazeres Filósofa Clínica São Paulo/SP Gerando polêmica no meio acadêmico ou entre as psicoterapias ela surge como uma alternativa imbuída de respeito ao ser humano em seus questionamentos e necessidades. As questões existências que a vida moderna oferece, surgem avolumadas a cada dia e nem sempre podemos contar com um amigo que nos ouça. As pessoas estão envolvidas em problemas tantos que ao ouvir já se lhes apresenta a necessidade de também serem ouvidas e assim, a cada dia aumenta a importância de partilharmos nossas questões com quem nos possa ajudar a caminhar. Envolvidos em nossas dificuldades, encontramos sempre uma sociedade disposta a muito julgar e condenar atitudes em nós e no outro, antes mesmo de saber dos nossos sofrimentos e necessidades. Criada por Lúcio Packter, um filósofo gaúcho em 1997, que incomodado com as questões que tocam o ser humano, tratou de exercer um árduo trabalho nessa direção: ajuda ao outro. Packter
DICA DE UM JOVEM FILÓSOFO PARA SE RESISTIR À TENTAÇÃO DE SER SANTO Will Goya Filósofo Clínico Brasília/DF Vamos admitir: não somos mais do que nos fizemos com nossas próprias escolhas, quase sempre substituindo o esforço da esperança pelo seu inverso, acostumando-nos a tomar por verdadeiro que já somos o que ainda esperamos realizar. Como sempre houve muitas pequeninas e importantes coisas para serem feitas na concretização dos nossos sonhos, todo aquele que espera nunca alcança. Há quem diga ter fé sem nunca haver sentido esperança. A primeira é uma certeza absoluta, uma consciência quite consigo mesma, que se satisfez com alegria em haver entregue tudo de si, permitindo suportar todo sacrifício do mundo, pois já se encontra confiante que Deus lhe aceitou no reino dos céus. Ter fé em Deus, na concepção cristã, não significa crer que Ele nos livrará das dores e desafios. Nunca poupou nenhum santo. Ao contrário, ter fé é aceitar de bom grado a cruz dos próprios pecados ou err
Interseções entre Filosofia Clínica e Cinema Andréa Kubota Filósofa Clínica São Paulo/SP "O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." (Orson Welles). "O cinema é o modo mais direto de entrar em competição com Deus.” (Federico Fellini). A arte faz parte da existência humana, se expressando de diferentes formas no mundo e no nosso cotidiano. Diante disso, é possível percebermos que existe uma relação direta da arte com a história da humanidade. Através da arte representamos o nosso mundo, expressamos sentimentos, procuramos dar sentido a realidade que nos cerca e com isso ressignificar os seus conteúdos. A arte possibilita uma existência humana autêntica, pois através dela a linguagem se torna íntíma das nossas paixões. Desde as grandes reflexões filosóficas do pensador Heidegger, vemos que a linguagem cotidiana ou a linguagem científica não dão conta de todas as dimensões da existência humana. No entanto, a arte é capaz de abran
Filosofia Clínica e Humanismo Prof. Dr. José Mauricio de Carvalho Chefe do Departamento de Filosofia da UFSJ Resumo: Neste trabalho examinamos em que sentido a Filosofia Clínica pode ser considerada humanista, mostrando o que caracteriza suas concepções sobre o limite e interesse do homem. Palavras-Chave: Humanismo – Fenomenologia – Liberdade. Résumé: Dans ce travail, nous examinons dans quel signification la Philosophie Clinique peut être juger humaniste, ayant montré le que caracterize leurs conceptions sur le limite et intérêt de l´homme. Mots Clés: Humanisme – Phénomènologie – Liberté. I. Considerações iniciais Recentemente publicado, o livro Filosofia Clínica, a filosofia no hospital e no consultório (2008) de Lúcio Packter vem precedido de palavras iniciais assinadas por Dayde Packter Zavarize. No texto ela afirma que a Filosofia Clínica é um humanismo. Por que faz tal afirmação? Ela justifica a assertiva dizendo que a Filosofia Clínica é humanista porque nã
Gardel J G Moreira São Paulo/SP Comprei Gardel, do pescoço verd'amarelo, com alguns milhares de cruzeiros. Gardel era meu. Verd'amarelo na gaiola, Gardel cantava em vão. A garganta de Gardel era só trinado e solidão. A minha, rouca, a do carcereiro torturado. Gardel no ônibus, na caixa de sapatos. Princípios e razão. Gardel no mato, Debaixo do meu braço, meus cuidados de pai e mãe. Abri a caixa abri os braços gardel trinou, hesitou levantou vôo ruflou suas asas de anjo verde e amarelo sobre as árvores verdes, Gardel livre. Quem voava era eu.
A IMPRENSA E A FILOSOFIA CLÍNICA Will Goya Filósofo Clínico Brasília/DF O papel do jornal é definido pela natureza das fibras nele empregadas. Pode ter várias fontes, substratos e corantes diferentes e serve tanto para escrever quanto para embrulhar coisas. De qualquer forma, num sentido ou noutro, o que o faz tão popular é uma mistura ideal de realidades: é barato, prático e flexível. Mas seu poder de durabilidade não é simples, fácil ou rápido. Seja como for ou ao quanto pareça ser, à tudo que se chame de óbvio é possível ilusão ou filosofia. O que é a um não é a outro. A ilusão é doce ao diabético, a filosofia é músculo ao trabalho. Ao primeiro importa saber o que ele quer ouvir; ao segundo é preciso ouvir. É sobre isso que gostaria de falar. Falar ou escrever não é coisa fácil, porque pra fazer sentido tudo deve ter significado ou seria apenas desenho disforme ou não mais que um ruído qualquer do meio ambiente. Filosoficamente, por exemplo, a palavra cachorro se report
Interseções Poéticas Interseções entre filosofia e poesia Sonia Prazeres Filósofa Clínica São Paulo/SP “Subnutrido de beleza, meu cachorro-poema vai farejando poesia em tudo, pois nunca se sabe quanto tesouro andará desperdiçado por aí... Quanto filhotinho de estrela atirado no lixo!” Mário Quintana Como tantas formas de arte, a poesia se apresenta concebendo e entregando expressão, instigando a imaginação e oferecendo beleza. Tem a singular propriedade de, em se valendo da palavra, tentar traduzir o indizível. Schopenhauer nos diz: “a poesia traz o conceito e o primeiro objetivo é conduzir do conceito ao intuível, cuja representação deve ser realizada pela fantasia do ouvinte.” Alguns apreciadores dela, talvez concordem com ele e esse trecho partido de um filósofo vem em outras palavras partido de um poeta. Fernando Pessoa de outro modo nos traz: “O poeta é um fingidor; finge tão completamente que chega a fingir
Eu sou eu e minha circunstância e se não salvo a ela não me salvo eu Márcia Avelino Filósofa Clínica São Paulo/SP A frase de Ortega y Gasset é um dos fundamentos da categoria Circunstância em Filosofia Clínica. Para o filósofo, a circunstância é tão intrínseca à constituição do ser, que este pode ser considerado sua própria circunstancia indissociavelmente. É por meio desta categoria que podemos situar a representação da pessoa conhecendo seu contexto (local onde vive e suas características, seu cotidiano, costumes, etc). observar o contexto em que a pessoa está inserida, nos ajuda a compreender seus significados, valores, e todo o emaranhado de seu constituir. Exemplificando ludicamente, podemos observar a influência da categoria Circunstância na música de Chico Buarque: O guri nasceu sem qualquer planejamento, e em circunstâncias que não proviam condições básicas de sobrevivência, tais como alimentação e a identidade. Torna-se o companheiro da mãe. Estabele
FÉDON- Diálogo sobre a alma e morte de Sócrates- Platão Rosângela Rossi Juiz de Fora/MG Tanto a teoria filosófica quanto o filosofar são importantes para qualificar nossa vida. Acabo de ler Fédon de Platão. Fui lendo bem devagarzinho como quem degusta um bom vinho. Nossa! Como é bom ler os clássicos! Na obra de Platão os 28 diálogos são obras primas. Eles se passaram na prisão de Sócrates e seus fiéis discípulos exatamente no dia em que ele iria beber sicuta. Sabe-se que Fédon é considerada a obra da maturidade do espírito de Platão. Fechei o livro e me coloquei a pensar qual foi a importância dele para mim. Conclui que várias foram as reflexões que esta obra me trouxe. Assim registrei alguns pontos só para início de conversa. Sócrates diz que onde aparece o prazer aparece a dor: “Que coisa desconcertante, parece ser, amigos, aquilo que os homens prazer! Que relação maravilhosa há entre a sua na
A Epistemologia dos subúrbios Hélio Strassburger Filósofo Clínico “A vida não é senão uma procissão de sombras, e sabe Deus por que as abraçamos tão avidamente e as vemos partir com tal angústia, já que não passam de sombras.” Virgínia Woolf A natureza também insinua seus originais na impermanência de um talvez. Instantes onde a conexão propõe a novidade discursiva ao sem rosto das aparências. Assim, para além da mentira civilizada, outras verdades ensaiam inéditas versões. Nem sempre em busca de tradução, essa característica existencial realça pontos de interseção com universos absurdos. Seu sentido inédito, antes de ser provável, descreve-se na escassez poderosa de um quase. Seu dizer marginal aparece como vontade de transgressão. Com sua pronuncia irreconhecível a escuta muda, e o momento fugaz dos achados carece a surgir distorcido. Ao ter o anonimato preservado, se distancia das ingerências de ser igual. Sua indeterminação sugere um vocabulário por chegar. Na crí
Doença é doença? Lúcio Packter Pensador da Filosofia Clínica Da estrada O neurologista Oliver Sacks trabalhou diversas vezes com a síndrome de Tourette, manifestação que provoca tiques, trejeitos, um comportamento socialmente grotesco. Assim como em outros estudos, Sacks concluiu que muitas vezes a pessoa precisa de sua doença para ser normal. Muita gente ficaria sem graça sem suas artrites ou a constipação de final de semana; as enxaquecas, então, costumam acontecer com uma pontualidade surpreendente. Quanta chatice, quanta compota na casa da sogra, quantos programinhas sonolentos a dorzinha de cabeça já poupou¿ Assim como alguns medievais apelavam a uma flagelação de si mesmos com chibatadas e reclusão, o mesmo um câncer pode fazer por nós... matando aos poucos, com garantias de sofrimento e expiação. Mas em outras vezes um câncer será somente um câncer. Quanta culpa no mundo já não foi abrandada por infecção urinária¿ E, neste sentido, a doença é parte importante da n
NÃO ENTENDEU, NÃO SENTIU E NÃO APROVEITOU Ildo Meyer Médico e Filósofo Clínico Porto Alegre/RS Acredito que o problema todo esta em pensarmos demais. Falando em pensar, imaginei como seria na época das cavernas. De repente bate uma saudade enorme de ti, daquela nossa época de estudantes, logo que nos conhecemos. Lembrando dos ferormônios explodindo por todos os poros e aproveitando os que ainda restam, sairia a tua procura, como um caçador. Não importariam os perigos que teria de enfrentar, precisava matar o desejo, a saudade, liberar os fluidos, sentir de novo o teu gosto, comer a tua presença. O motivo pelo qual haviamos nos afastado não importava mais, o desejo seria o mestre. O meu é claro, pois sou um homem das cavernas e tu serias a fiel repres

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