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Copa do Mundo- Por que gostamos?

Rosângela Rossi
Juiz de Fora/MG


Acordei cedo neste domingo final de outono. Céu azul de brigadeiro e ansiedade natural de todos que desejam ver a vitória do time do Brasil garantindo a vaga para as finais.
Vendo a bandeira do Brasil vibrar em cada esquina e o entusiasmo de muitos, mesmo os que não acompanham o futebol no dia a dia, fico a pensar o que nos leva a este entusiasmo verde amarelo e de todos que vibram por suas bandeiras.

Sabemos como filósofos que não existem verdades e que as definições são relativas, mas gostamos de tentar entender o porquê do comportamento humano, ainda mais quando somos psicólogos.

O que nos leva a vibrar com 24 homens num campo correndo atrás de uma bola? A competição? A arte de vencer? A inteligência motora dos jogadores? A adrenalina de torcer? A liberação das repressões? Ou tudo isto no festejar o estar em conjunto em sintonia com um grupo?

Somos seres sociais, mesmo que gostemos de ficar sozinhos. A força do grupo nos acolhe trazendo uma vibração que não sabemos definir, mas que nos faz sentir mais potentes. A unidade no verso da vida cria harmonia e nos faz mover em sintonia. Somos gregários desde o começo dos tempos. Sempre estivemos em tribos e bandos, lutando pela sobrevivência. Instinto?

A copa nos convida, isto não tem como duvidar, a torcermos juntos. Fazer festa no antes e depois, pondo para fora nossos medos diários e nos mostrando que somos fortes e potentes. Cada jogador vitorioso mexe com nosso desejo de ser tão fortes como caçadores a sobreviver na selva de um mundo tão ameaçador. A inteligência motora dos atletas encanta a todos, mesmo que intelectuais, que acreditam que o corpo é prisão, como pensava nosso querido Sócrates.

Na Grécia, em Olímpia, vi que a arte dos heróis era essencial e aos deuses entregavam suas vitórias. Lá os altares continuam a lembrar o quanto o homem desejava mostrar sua capacidade física. O corpo são dava a alma mais liberdade de se expressar. Trazemos este arquétipo em nosso inconsciente coletivo. Não só de consciente vive o homem, mesmo que saibamos que é pela consciência que temos mais condições de vencer os desafios. Diante a ameaça física a força corporal dos guerreiros era considerada primordial. Os jogos trazem esta memória e nos faz torcer pelos guerreiros em nosso nome.

No camp, corpo e mentes correm juntos. Os jogadores representam o desejo da vitória e da sobrevivência de todos. Criticamos, de longe fantasiamos que faríamos melhor. Colocamos-nos no lugar do treinador e temos palpites de onipotência e nosso saber poder fica ativado. Dunga que diga. Pensamos que seríamos melhor que ele. A imprensa o detona. Ele é colocado na cruz a todo instante. Se o time ganha, ainda não deu o melhor que poderia. Se perder, a raiva e decepção coletiva os matam em crítica. Perder nunca! Afinal somos heróis! Herói nunca perde!

Não importa o porquê e para que, importa o como vencer. Ninguém quer perder. Ninguém quer morrer. Diante a Copa, nosso lado guerreiro vem à tona. Gritamos para os deuses que, enquanto humanos, temos a capacidade de lutar pela vida. E lutaremos até perdemos o fôlego ou perdemos o jogo. Sabemos também de nossa fragilidade. Diante a perda sofremos e choramos. Afinal, “somos humanos, demasiadamente humanos” sempre a espera de um grito de libertação: Gooooolllllllllllllllllllll .
Que vença nosso verde amarelo! Assim seja!

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