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FÉDON- Diálogo sobre a alma e morte de Sócrates- Platão

Rosângela Rossi
Juiz de Fora/MG


Tanto a teoria filosófica quanto o filosofar são importantes para qualificar nossa vida. Acabo de ler Fédon de Platão. Fui lendo bem devagarzinho como quem degusta um bom vinho. Nossa! Como é bom ler os clássicos!

Na obra de Platão os 28 diálogos são obras primas. Eles se passaram na prisão de Sócrates e seus fiéis discípulos exatamente no dia em que ele iria beber sicuta. Sabe-se que Fédon é considerada a obra da maturidade do espírito de Platão.
Fechei o livro e me coloquei a pensar qual foi a importância dele para mim. Conclui que várias foram as reflexões que esta obra me trouxe. Assim registrei alguns pontos só para início de conversa.

Sócrates diz que onde aparece o prazer aparece a dor: “Que coisa desconcertante, parece ser, amigos, aquilo que os homens prazer! Que relação maravilhosa há entre a sua natureza e o que se julga ser seu contrário, a dor!”.
Dialogando com Cebes, Sócrates explica sobre o propósito das poesias e músicas que fez na prisão. “... foi por motivo de certos sonhos, dos quais eu queria tentar saber a significação e também por escrúpulo religioso... Não haverá, realmente, música mais alta que a filosofia e não é isso que eu dedico?”

Sócrates defende a vida depois da morte: ” Se há uma coisa que defenderei com ardor é minha convicção de que vou encontrar-me perto dos deuses, que são chefes excelentes...tenho esperança que depois da morte haja alguma coisa , como diz uma antiga tradição,vale mais par os bons que para os maus”.

Para ele a morte é libertação do pensamento. Diz ele sabiamente: “a posse de riquezas, eis, com efeito, a causa original de todas as guerras, e, se somos levados à procura de bens, é por causa do corpo, escravos submetidos ao seu serviço! E é ainda por causa de tudo isso que nos ocupamos pouco com a filosofia (.,,) teremos que nos separar do corpo e olhar com a alma em si mesma as coisas em si mesmas,. E,então, ao que parece, que nos pertencerá aquilo de que nos dizemos amantes: o pensamento.”

A Símias, Sócrates diz: “ é bem uma verdade que aquele que, no sentido justo do termo, filosofam, se exercitam a morrer, e que a idéia de morte é para eles coisa muito menos temível do que para qualquer pessoa”.

A virtude verdadeira segundo Sócrates é o pensamento: “talvez não haja aqui senão uma moeda que valha, em troca da qual tudo isso deva ser trocado, o pensamento”.
“Um homem que vemos lamentar-se no momento de morrer mostra que não é a sabedoria que ele ama, mas o corpo, não é?” diz Sócrates.

Sobre o esquecimento, ele fala: “no nosso sucessivo renascer, que nascemos sempre com este saber e que sempre conservamos no curso da nossa vida. Saber, com efeito,consiste nisto: depois de haver adquirido o conhecimento de alguma coisa, conservá-lo e não perdê-lo. Desse modo, o que se chama” esquecimento” é o abandono de um conhecimento”.

Só este início dá o que pensar.
No cuidado de si mesmo, as palavras de Sócrates a Críton são de uma beleza e elegância impar: “ Deveis ter , vós, o cuidado de vós mesmos, e de vossa parte,então todas as tarefas serão tarefas feitas por amor”.

Antes de tomar a taça de veneno Sócrates fala: “mas é permitido, e é mesmo um dever dirigir uma prece aos deuses pelo feliz êxito desta mudança de residência, deste mundo para o outro. Esta é minha prece: assim seja!”. A seguir: “Ensinaram-me. É com palavras de felicidade que se deve morrer. Sede calmos, vamos! Sede fortes!
Coragem, coragem, coragem. Esta é a maior das lições!

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