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O Maestro Resiliente

Beto Colombo
Filósofo Clínico
Criciúma/SC


Resiliência é a arte de transformar toda energia de um problema, toda energia de um fracasso e dar a volta por cima com uma solução criativa. A resiliência é a forma de como lidar com o fracasso e usar seus defeitos em benefício próprio, ou seja, usar um problema como trampolim para uma solução criativa.

Segundo o Aurélio, resiliência é a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando acessa a tensão causadora de tal deformação elástica.

Dias desse assisti em nossa cidade Criciúma, um concerto com o pianista e maestro brasileiro João Carlos Martins e nesse dia 8 de dezembro ele esteve de volta. Com seu exemplo, resumo tudo o que quero dizer sobre resiliência.

Vejam só. Em 1970 ele foi jogar futebol e bateu a mão direita numa pedra, passou por cirurgia e por não poder mais usar a mão, resolveu encerrar a carreira. Logo encontrou um novo modo de usar a mão direita e voltou a cena.

Oito anos depois teve LER (Lesão por Esforço Repetitivo) nessa mesma mão. Não se deu por vencido e meses depois estava regendo com a mão esquerda.

Durante um assalto na Bulgária levou um tiro e por oito meses fez tratamento hospitalar para reprogramar o cérebro e voltou a atuar no mesmo ritmo do início da carreira.

Anos depois, teve um tumor e perdeu os movimentos da mão esquerda definitivamente. Não se deu por vencido e aprendeu a reger a orquestra com os olhos. Enquanto se recuperava de lesões, foi treinador e empresário do lutador de boxe Eder Jofre, onde recuperaram o título de campeão mundial.

Essa história confirma uma pesquisa da empresa de consultoria Caliper Humam Strategies, onde distinguem que as pessoas com maior desempenho profissional são as que têm resiliência e otimismo.

Em Filosofia Clínica também estudamos a resiliência e por hora concluo que para algumas pessoas o equilíbrio humano é como a estrutura de um edifício: as fissuras e rachaduras aparecem se a pressão for maior que a resiliência.

Os resilientes desenvolvem a capacidade de recuperar-se e moldar-se a cada obstáculo e desafio, já os não resilientes podem até quebrar, surtar, demoronar diante de situações difíceis. Para cada um é de um jeito e cada um reage diferente mediante a situação vivida.

Algumas pessoas, quando passam por situações difíceis, complicadas, se desmoronam. Outras, quando caem simplesmente sacodem a poeira e dão a volta por cima, como no caso do nosso fabuloso maestro João Carlos Martins. Conheço um caso que quanto maior o acervo de experiências e lições que a vida lhe proporcionou, mais resiliente ela se tornou.

Tenho observado na sua história de vida que quando as coisas em casa estavam bem, ou seja, ela mantendo um lar em equilíbrio, quando num momento de crise ela estava praticando esporte que gostava, fazendo caminhadas, definindo suas buscas ou projeto de vida e se concentrava neles, quando ria dos seus próprios problemas, quando usou a criatividade para quebrar a rotina, ela superava seus obstáculos e ainda se tornava em uma otimista incurável.

O legal que depois de tantos acontecimentos marcantes na historicidade dela, hoje consegue separar bem seus papéis existenciais. Quem é e o que faz são coisas distintas para ela e não há certo ou errado ter diversos papéis existenciais, muito pelo contrário, nesse caso.

Disse-me ela: “Ultimamente quando caio, lembro da música da Beth Carvalho: levanta, sacode a poeira e dê a volta por cima”. E é assim que ela tem feito. Percebo que para ela tem funcionado como mágica. Lembrando que isso é assim para ela.

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