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Filosofia Clínica e valores: uma reflexão a respeito do que nos importa na vida

Bruno Packter
Filósofo Clínico
Florianópolis-SC


Desde a Antiguidade a palavra valor foi usada para indicar a utilidade ou o preço dos bens materiais e a dignidade ou o mérito das pessoas.

Para o filósofo inglês Thomas Hobbes, por exemplo, “… o valor ou a importância de um homem é, como para qualquer outro objeto, seu preço, isto é, o que se daria para dispor de seu poder.” (Leviatã)

As concepções de valores, que provavelmente encontraremos na nossa vida diária, tratam do ter poder, ter propriedades, ter beleza, ser jovem, ter um papel existencial sublime e outras mais.

Mas, na clínica filosófica, axiologia tem outra concepção.

Na Filosofia Clínica, denominamos o que é axiologia para a pessoa, a partir de algum dado que ela relacione a um valor, como: o trabalho, a vida, por exemplo. A axiologia em filosofia clínica se refere ao valor subjetivo que os objetos ou as coisas têm para a pessoa.

Neste caso, partimos do sujeito, de sua história de vida para o entendimento da ocorrência desta movimentação e variações.

É possível aprender dados valorativos e, talvez possamos aprender a valorar determinadas coisas, dependendo dos fatores. Através de uma trajetória histórica aprendemos, em muitos casos, a valorar as coisas, conforme o contexto, conforme os reconhecimentos nossos, conforme as ofertas do meio, conforme os desejos, a disponibilidade e muitas outras questões. Às vezes, ligados a fatores emocionais, espirituais, materiais e assim por diante.

Para as pessoas que se guiam pela axiologia na vida, elas irão fazer o que é importante a elas mesmas. E, o que não for, elas descartam em muitos casos.

Será que sabemos valorar as coisas?

Às vezes, algo ou alguém que amamos muito não é valorado como tal.

Uma pessoa que tem os dados axiológicos determinantes e uma questão forte recai exatamente sobre esta questão, causando forte abalo, o que pode muito provavelmente ocorrer? A pessoa pode não se importar mais com as coisas. Existem casos que uma pessoa pode continuar amando muito alguém, mas ela não ser mais importante. Ela não sabe mais valorar esta pesssoa. O que não quer dizer que ela não saiba comprendê-la, respeitá-la e outras coisas.

Por exemplo, algumas pessoas não conseguem valorar as coisas quando estão próximas do sujeito ou do objeto. Na história destas pessoas costumam aparecer falas do tipo: “… agora que perdi minha esposa é que sei o valor que ela tinha!”

Outras, somente conseguem valorar alguém pela ausência deste alguém. É como se a proximidade não desse condições de uma avaliação de valor.

Os valores podem oscilar ao longo da vida, às vezes, podem se transformar também.

Muitas situações acontecem aqui. Em certos casos, os dados axiológicos nunca se modificaram, às vezes, são os mesmos valores dos 06 anos de idade. Outras vezes, são diferentes; outras, não existem mais.

Para algumas pessoas, a construção dos valores se dá pela adoção do que é importante ao ambiente, ou seja, é a sociedade que dita seus valores.

Mas, a verificação, de como é para cada pessoa, parte fundamentalmente da historicidade, das suas vivências.

Se a Axiologia – os valores - não for determinante na vida da pessoa, ou seja, não tratam das suas orientações subjetivas, provavelmente a vida desta pessoa não estará ligada em valores.

Por outro lado, para uma pessoa que se guia por valores e, que atribui critérios rígidos a estes valores, cada situação nas suas vivências terá maior ou menor importância.

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