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Isso é assim para o outro!

Rosemiro A. Sefstrom
Filósofo Clínico
Criciúma/SC


Nos textos que escrevi até o momento, a base do discurso é perceber que o outro é um ser diferente, entender que quando estou em relação com outra pessoa preciso me despir das minhas verdades e assumir que o outro só pode ser entendido a partir dele mesmo.

Mas, segundo algumas pessoas, isso não é assim tão fácil no dia-a-dia, uma vez que não temos tempo para conhecer cada pessoa. Até certo ponto é verdade, o cotidiano de contatos superficiais deixa de fora muito do que a pessoa é. No entanto, se estivermos falando de nossa família, quantas mães entendem que seu filho pensa, sente, intui, etc., diferente dela? Quantos pais entendem que o filho, mesmo tendo a mesma educação dos irmãos pensa diferente?

Não serão poucos os pais que dizem saber que é assim mesmo e que precisamos compartilhar das ideias com os filhos para sabermos como eles vêem o mundo. Mas esquecem que quando chegarem ao mundo do filho, suas ideias, sentimentos, crenças, precisam entrar como visitantes.

Parece estranho dizer desta maneira, mas quando entramos na casa de alguém limpamos os pés à porta e pedimos licença. Quando vamos ao mundo de pessoas próximas, marido, esposa, filhos, amigos, pedimos licença, ou entramos de qualquer jeito, mexemos em tudo sem pedir permissão? Por estarmos próximos, sermos pessoas que compartilham do mesmo sangue não temos o direito de entrar e bagunçar a casa do outro. Agora já ficou um pouco mais complicado, pois preciso entender o outro a partir dele e ainda esperar pelo convite para visitar seu mundo existencial.

Mas como vou saber como é o mundo do outro? Como saber se ele quer me receber em seu mundo existencial? Conhecer o mundo do outro pelos olhos dele é simples, basta ouvir o que o outro diz a respeito do que estiverem falando e aí estará seu mundo. Quando ouço uma jovem aluna falando que casamento é algo ruim, traz sofrimento e faz da mulher uma escrava, não posso dizer que ela está errada, no mundo dela, da forma como ela viu o mundo até o momento é assim para ela.

Quantos concordarão com ela e quantos discordarão? Muitos de um lado e outros tantos de outro, mas quantos serão os que irão perguntar como ela chegou a essa conclusão? Esses sim, serão poucos, tantos quanto os dedos de uma mão. Estes não estão interessados em provar erros e acertos, mas irão ao mundo dessa menina para saber como ela chegou até ali.

Para saber se ela quer me receber em seu mundo existencial basta continuar a conversa e provavelmente se ela assim o quiser já estarão no mundo dela. Quando o outro me recebe e estou de olhos abertos para ver o que ele tem a me mostrar é como uma viagem a um lugar novo. Vou aprender o idioma, os costumes e tudo o que fizer parte desse novo mundo, ou outro. É provável que saberei respeitar, vendo os avisos de não ultrapasse e esperando o outro me abrir as portas para continuar a caminhada pelo seu mundo.

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