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Mas o que é a Filosofia Clínica?

Gustavo Bertoche
Filósofo Clínico
Rio de Janeiro-RJ


Quando um terapeuta se apresenta como filósofo clínico, muitas vezes ouve a pergunta que dá título a este texto. Essa pergunta é de se esperar, pois a Filosofia Clínica é uma abordagem relativamente nova – embora seja também, de certo ponto de vista, bastante antiga.

As idéias fundamentais da Filosofia Clínica foram concebidas por Lúcio Packter, médico gaúcho, a partir dos anos 80. A Filosofia Clínica ganhou sua forma próxima à atual no início dos anos 90, quando um círculo de filósofos – alunos e professores – reuniu-se em torno de Lúcio com o objetivo de desenvolver a metodologia dessa nova abordagem terapêutica.

A Filosofia Clínica tem como ponto de partida a tradição de 2.500 anos da filosofia. Uma das vertentes mais importantes da filosofia ocidental constitui-se como a tentativa de responder às perguntas: como devo agir?, o que é a felicidade?, qual o sentido da vida?.

Essa vertente, que pode ser chamada “filosofia moral”, deu inúmeras respostas a cada uma dessas perguntas. Essas respostas podem efetivamente contribuir para a orientação da vida de uma pessoa. O problema é que cada resposta faz sentido e pode ser o remédio para algumas pessoas, e não para outras.

Como decidir o remédio certo? E como fazer quando é preciso combinar vários remédios diferentes?

A Filosofia Clínica existe para ajudar a descobrir e a utilizar os remédios adequados a cada pessoa. Como isso acontece? É preciso saber filosofia para fazer essa terapia? O filósofo clínico vai sugerir a leitura de livros?

Não é preciso saber filosofia quando se procura um filósofo clínico. E na maioria das vezes o filósofo clínico não sugere livros às pessoas.

O trabalho do filósofo clínico é estudar a história de vida do partilhante para entender como ele é e, a partir do seu modo de ser, lhe ensinar a usar os remédios filosóficos mais adequados para resolver as questões que o próprio partilhante indica.

Afinal, cada pessoa é diferente; não faria sentido aplicar o mesmo remédio a todos. Cada pessoa tem a sua forma de viver; cada pessoa tem suas próprias questões, e cada pessoa tem seus próprios remédios filosóficos.

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