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Filosofia Clínica e a afetividade*


A emoção constitui um riquíssimo fenômeno psíquico, examinado com especial atenção pelos estudiosos, sobretudo de perspectivas filosóficas, psicológicas e fisiológicas.
Segundo a definição mais tradicional, emoção é uma forte alteração ou perturbação do estado psíquico, acompanhada de determinadas modificações somáticas – corporais – de caráter transitório, como tremores, suor, rubor ou palidez.
Fonte – Encyclopaedia Britannica.


Entre os exemplos de emoções temos a alegria, a angústia. Mas, na Filosofia Clínica, tais exemplos são apenas formas sem conteúdo. É na historicidade da pessoa que saberemos o que está acontecendo.

Por exemplo, algumas pessoas desenvolveram as emoções ao longo da vida de modo tênue. Algumas pessoas não desenvolveram as emoções como desenvolveram a razão, o raciocínio, as buscas, os pensamentos. Isso não constitui uma patologia ou uma perda.

Em Filosofia Clínica, uma manifestação como esta pode ser condizente com dispositivos necessários e producentes para a pessoa. Por exemplo, uma esposa que venha ao consultório e diga que casou com um homem que parece uma geladeira, cuja afetividade é mínima. É provável que esta seja uma característica do marido, entre outras. Ainda que a questão possa acarretar sérios problemas entre o casal, a questão pode requerer maior pesquisa antes de um direcionamento.

Nem sempre o amor cura a pessoa. Algumas pessoas podem usar o amor como moeda de manipulação. Nem sempre para amar é preciso ter sido amado. Também não podemos afirmar que este é um princípio universal nas relações humanas. O amor não é necessariamente um balcão de negócios.

Alguns amam independente do amor que receberam ou que receberão. Uma pessoa pode afirmar que ama alguém e isso se traduzir não por uma emoção, mas por uma admiração. Por isso, a referência inicial será colocada diante de outros aprofundamentos. Muitos elementos que aparecem inicialmente em uma historicidade podem se revelar inteiramente diferentes com o tempo.

Em alguns casos, somente com o coração podemos ver com clareza. Em outros, é somente com a razão que vemos com clareza. O filósofo clínico não tem mais como se guiar por verdades prontas para o ser humano. Algumas pessoas veem bem com a razão. Outras, não.

As emoções podem sucumbir pelo caminho, podem evoluir até 8 ou 10 anos de idade, podem evoluir indefinidamente, podem apresentar mesclas complexas. Ainda que os termos não sejam exatos as concepções estão corretas. Em Filosofia Clínica, as emoções não são classificadas entre boas e más, certas e erradas. Não existe tal tipo de classificação em Filosofia Clínica.

Nem sempre uma emoção será caracterizada por um nome, por uma nomenclatura, nem sempre é essencial. Às vezes, as emoções se mesclam e não temos um nome para o que se tornam. Há complexidades que podem tornar as emoções difíceis de identificar e de conhecer, como exemplo: uma forte paixão ou uma mágoa profunda.

Não existe aqui uma regra a priori. Algumas pessoas conseguem separar questões emocionais complexas. Outras, relacionam as coisas de tal forma que isso é inviável.

Em Filosofia Clínica é indefensável afirmarmos o desenvolvimento de uma ou de várias emoções. Somente a historicidade da pessoa nos dirá a propriedade do desenvolvimento ou de outra indicação quanto às emoções.

*Bruno Packter
Filósofo Clínico
Florianópolis-SC

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