Pular para o conteúdo principal
Filosofia Clínica e os enganos existenciais

Bruno Packter
Filósofo Clínico
Florianópolis-SC


Na Filosofia Clínica, tratamos os enganos existenciais como Termos Equívocos, ou seja, quando a pessoa em determinados contextos da vida apresenta dubiedade, confusão, um significado incerto, gerando aspectos como perplexidade, desorientação falta de compreensão ou dúvida. Equivocidade vem do termo aristotélico que significa dubiedade.

Há pessoas que não permitem que a dúvida, a divisão, a incerteza, não toleram não saber que rumo tomar na vida. Essas pessoas não sabem viver com esse estado de equivocidade. Elas gostam da precisão, da objetividade e jamais vão permitir em sua vida a vivência de termos equívocos.

Na história de vida, muitas vezes, a pessoa quando está em equivocidade ela pode apresentar a queixa de sentir perdida, de estar muito confusa e não saber exatamente o que fazer para solucionar a equivocidade. Algumas pessoas que associam as suas ideias os estados equívocos sentem pavor, medo, pânico, porque pensam que estão perdendo a razão. Para algumas pessoas o raciocínio precisa sempre ser unívoco, ter clareza. Se por algum acontecimento entrarem em equivocidade elas podem ficar apavoradas.

Entretanto, não há nada de errado nisso. Uma situação de cansaço, muito trabalho, problemas, estresse tudo isso pode gerar equivocidade. Ninguém é doente ou louco por estar em equivocidade. Em geral, o estado de equivocidade em muitos contextos da vida tem pouco tempo de duração.

Desde a Revolução Industrial as vivências equívocas tornaram-se extremamente problemáticas. Em sua obra A História da Loucura , Michel Foucault coloca isso de uma forma muito clara. Na obra, as pessoas são cobradas a terem pensamentos maquinizados, padronizados com ideias no cabresto.

Uma pessoa pode entrar em equivocidade emocional em relação a ela mesma. É incrível, mas muitas vezes, estados equivocionais são bons e necessários. Existem pessoas que se permitem ficar assim. Funcionam da seguinte maneira: entram em estados confusionais para tomarem uma decisão, por exemplo. A pessoa se solta em estado de bagunça interna, um estado de gestão interior e não sente incômodo com isso.

Viver em equivocidade pode ser só uma caracterização da pessoa para certas circunstâncias. Se for isso, não há nada de errado. Mas, pode ser um distúrbio neurológico, um problema endócrino, etc. Se o fato for esse, o encaminhamento neste caso será para o acompanhamento de um médico clínico geral.

Existem alguns fatores curiosos. A pessoa pode apresentar clareza ou estar unívoca quanto ao seu raciocínio e equívoca quanto as suas emoções. Por exemplo: a pessoa tem que tomar uma decisão de grande proporção e consequência. Racionalmente sabe exatamente o que é melhor e para isso ela está unívoca. No entanto, quanto a suas emoções está desorientada e confusa.

Racionalmente sabe o que é o certo, mas o coração fica emocionalmente dividido. Quem vence esse embate? A razão ou a emoção? Tudo dependerá da historicidade de vida da pessoa. Dependerá do peso subjetivo maior. Há pessoas que só saem da equivocidade nas relações com outras pessoas. Elas pedem ajuda para um parente, uma pessoa próxima. Existem pessoas que são assim.

Na Filosofia Clínica, buscamos na história de vida da pessoa os fatos que podem estar causando estes estados de equivocidade.

Comentários

Visitas