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Onde tuas asas te levam?

Leticia Porto Alegre
Jane Difini Kopzinski
Rafael Gabellini Ribas
Filosofos Clinicos
Porto Alegre-RS


Ao caminhar pelo jardim do hospital psiquiátrico, em verdes campos, flores, com o som da água ao fundo caindo pelas pedras e tomando um rumo desconhecido, observamos pássaros indo ao encontro de suas necessidades singulares. Alguns voam para longe, outros buscam as árvores e gramas, e outros que lá pousam levados pelo vento em uma direção descoordenada do seu real pouso.

Os pássaros, assim como os partilhantes, possuem em sua natureza o processo de construção de seu próprio vôo.

A linguagem singular do partilhante usada na consulta, na maioria dos casos, sem o tempo suficiente de se coletar uma historicidade completa que permita elaborar sua EP, apenas apresenta algumas características dos tópicos dominantes permitidas pelas circunstancias.

O filosofo clínico, nas consultas com os partilhantes internados, acaba por ter que se arriscar em suas intervenções. Sem ter uma freqüência de consultas regular e com tempo limitado. No entanto, faz o possível para proporcionar um bem estar subjetivo.

Ouvir o assunto imediato que o partilhante traz, e o conforto que vai se apresentando durante a consulta pelo fato do filosofo clinico não julgar, respeitar e considerar o tempo subjetivo do partilhante em construir uma interseção positiva, possibilita ao filosofo clinico descobrir a historicidade até o momento.

Partilhantes singulares que dividem um espaço em busca de conforto à dor, singular e real a cada ser como, o poeta preso dentro de si, a tentativa de demonstrar como realmente é sua alma, a reação de demonstrar aos outros a vaidade, o rancor, a saudade, a sua raiva, seus mais íntimos sentimentos, as verdades criadas em seu próprio mundo interno são alguns motivos de internação.

Dentro da complexidade do ser quanto aos tópicos: esteticidade, o papel existencial, a busca, o que acha de si mesmo, agendamentos, pré juízos emoção, dentre outros, a Filosofia Clínica usa, também, o método fenomenológico, onde investiga e analisa os históricos trazidos pela pessoa de forma literal, ajuda o partilhante no seu mundo existencial com submodos a realizar autogenia.

Regras impostas para uma convivência com o mundo impedem de pessoas que não se adaptam a essas, serem julgadas e rotuladas por um DSM IV da medicina moderna, estes não são considerados, se escaparem daquilo que já foi pré determinado.

Alguns não se apresentam mais nem pelo nome, mas sim pelo rótulo dado, e quantos se apresentam tão diferentes uns dos outros com o mesmo rótulo. Almas presas, que ao tentarem se revelar são rotuladas. Pássaros em vôos com destinos singulares.

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