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Pressão

Miguel Angelo Caruzo
Filósofo Clínico
Juiz de Fora/MG

Esses dias, ouvindo alguns estudantes de medicina, aprendi que o corpo que apresenta problemas de pressão arterial alta, num primeiro momento deve esperar ver se o próprio organismo se regula sem intervenção farmacológica.

Isso também acontece com as questões psicológicas. As dores existenciais são expressas em certos momentos até em “esteticidade bruta”, ou seja, por ações ou expressões fortes como choro, gritos, ações agressivas, xingamentos, etc.

Interessante foi perceber que esses mesmos estudantes logo depois acreditavam na possibilidade de recorrer a remédios para sanar suas dificuldades psicológicas. Mesmo sabendo que receitar remédios para um paciente só deve ser feito quando necessário, eles já se auto creditaram o diagnóstico de necessitados de remédio para sanar seus conflitos existenciais.

Se o corpo apresenta determinados problemas em seu funcionamento, as causas podem ser resolvidas assim que descobertas. Uma dor de cabeça pode ser causada por um problema no fígado, ou uma dor na perna pode ser oriunda de uma lesão na coluna. Nesses casos não são tratando os problemas imediatos que resolverá suas causas.

Do mesmo modo como o corpo dá sinais de seu mal funcionamento, assim a mente apresenta seus conflitos. E do mesmo modo como as causas devem ser priorizadas no corpo, quando se trata de questões da alma o mesmo deve ser feito.

Os remédios podem até ser importantes num primeiro momento a fim de regular alguns problemas químicos da mente. No entanto, só valer-se de remédios pode acarretar num inibidor dos efeitos sem, contudo, sanar as causas.

Talvez o único caminho para se chegar ao cerne dos conflitos existenciais sejam os efeitos. E nesses casos, se o remédio intervier pode se formar um ciclo vicioso sempre havendo um paliativo inibidor dos problemas.

Há certamente, pessoas para as quais somente inibindo por via farmacológica seus conflitos já sejam suficientes para o bom encaminhamento de suas vidas. Em outros casos a própria “Estrutura de Pensamento” se encaminha para criar outros artifícios que se tornam mais relevantes, diminuindo a relevância de outras na malha intelectiva.

Para outros ainda, com o remédio se consegue um alívio momentâneo capaz de criar um ambiente mental propício para trabalhar e aliviar os conflitos que antes tanto incomodavam. E assim, seguem-se os casos tantos quantos são as pessoas.

Assim como funciona o corpo para a pressão arterial, pode ser visto quando se trata da pressão na “Estrutura de Pensamento”. Os casos são diversos seguindo da mesma forma as aplicações de modos de resolução. Cada pessoa com sua particularidade. Cabe aos cuidadores tanto os do corpo quanto os da alma, atentarem para a complexidade do sujeito que o procura.

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