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Ritmo interno x metas x limites

Sandra Veroneze
Filósofa Clínica
Porto Alegre-RS


Vivemos em uma sociedade, especialmente em sua face profissional, empresarial, de negócios, que hipervaloriza características como força, foco, resiliência, resistência, determinação...

De modo geral, acredita-se que esses predicados proporcionam que se chegue mais próximo das metas e objetivos pretendidos. A contrapartida de satisfação é estresse, cansaço, desânimo, quiçá também doenças, problemas de saúde, afetivos, etc, dependendo de quanto e como cada um lida, melhor ou pior, com a pressão.

Para alguns, a adrenalina do último momento é fundamental para manter o brilho e a vibração, para o desespero de quem prefere atuar com prazos mais dilatados, planejamentos, agendas milimetricamente calculadas. Certo e errado, diante da total diversidade de pessoas, situações, modus operandi, é uma lógica que, aqui, cai por terra. Inclusive por ser o constructo de cada um, a partir de vivências, que determina o que é mais adequado para gerar bem-estar subjetivo.

Outro dia conversava com um amigo sobre a crueldade que faz consigo aquele sujeito que é notadamente noturno e escolhe um trabalho onde é necessário bater ponto às 7h30min da manhã. Ou o sujeito completamente afeito a regras e disciplina que escolhe uma atividade profissional onde é o improviso, a flexibilidade e o jogo de cintura mais preponderantes para o sucesso da atividade.

A cada dia que passa percebemos que se torna mais atual o que Sócrates já falava há mais de dois mil anos atrás: “Conhece-te a ti mesmo”. Aquele que conhece seu ritmo interno tem condições de fazer escolhas que respeitam sua singularidade e que portanto não violenta seu jeito próprio de ser.

Se ajudar possa: em grego, meta significa limite. O que meta significa temos internalizado praticamente desde a infância: onde queremos chegar, a flecha no alvo, sonho realizado...

O limite agrega outras palavras, como ‘poder’ chegar, esgotamento dos recursos, o máximo que se consegue ir. Escolher a meta e portanto o limite, novamente, pressupõe uma dose generosa de autoconhecimento, que conjuga o querer com o poder, sem tirar o brilho do sonho e inclusive o ir além, o superar-se, se isso for importante para o indivíduo.

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