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Super-heróis do cotidiano

Sandra Veroneze
Jornalista e Filósofa Clínica
Porto Alegre-RS

Se você só vê gente viva e já acha que está de bom tamanho; se o mais próximo que chegou de um gnomo ou fada foi através de desenhos animados; e se até considera viagem astral uma ideia bem bolada, mas prefere apreciá-la em relatos alheios, esta crônica é pra você. Pra você que, assim como eu, também é uma pessoa comum. Ou seja: nunca viu espírito, não tem o dom da clarividência, não faz ideia de como se hipnotiza alguém e também não consegue ir muito além do ascendente nas interpretações de mapa astral.

Somos pessoas comuns, com nossas limitações, mas também com potencialidades e é sobre elas que quero falar. Muito embora não consigamos acessar esses níveis mais sutis da existência, nós, seres humanos comuns, também temos poderes. Super poderes, pra falar a verdade! Cito quatro, primordialmente: autoconhecimento, autogoverno, auto-superação e auto-esquecimento.

Autoconhecimento é olhar com honestidade e franqueza pra si mesmo, analisando virtudes e qualidades, mas também fragilidades, defeitos, manias... Nada fácil, não é mesmo? Uma análise de fato realista de si exige poderes incríveis dos seres humanos.

Autogoverno é, a partir da consciência dos próprios defeitos, a cada dia que passa aumentar o controle sobre eles. Ou seja: reconhecer e conviver bem com as fragilidades da nossa personalidade, não deixando que elas prejudiquem nosso dia-a-dia. Exemplos práticos: preguiça e timidez.

A autossuperação, com base no auto-conhecimento e disposição para o auto-governo, é a cada dia procurar fazer mais e melhor. Utilizando o exemplo da preguiça: não apenas levantar logo que o despertador toca, como levantar uma hora mais cedo pra caminhar e estabelecer uma rotina de prática esportiva. Utilizando o exemplo da timidez: não deixar de contribuir com uma discussão em sala de aula, com medo de se expor... São esforços que exigem muita força, muita vontade, muito poder!

Por último, auto-esquecimento, compreendido aqui não como uma vida desperdiçada em função dos outros, mas sim um tempo da vida dedicado para os outros. Os outros, neste caso, são as pessoas mais necessitadas, escolhidas e atendidas com desprendimento e desapego. O auto-esquecimento faz com que as pessoas se sintam mais comprometidas e responsáveis pelo entorno e menos ligadas à satisfação dos próprios caprichos.

Quem conseguir, todos os dias, exercitar um pouquinho desses quatro poderes estará sem dúvida fazendo do seu cotidiano uma aventura. Uma batalha e tanto, capaz de combater a rotina e o stress de forma divertida e ainda contribuir pra evolução de consciência no mundo...

Pensou que só ver gente viva era coisa pouca?

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