Pular para o conteúdo principal
Ser ou Não Ser

Beto Colombo
Filósofo Clínico. Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC. Empresário.
Criciúma/SC


Questões existenciais, quem não as tem? Pois é, talvez, quem sente é quem sabe. A frase “ser ou não ser eis a questão”, originária da peça A Tragédia de Hamlet – Príncipe da Dinamarca, de William Shakespeare, é uma prova inconteste que as questões existenciais estão aí, há séculos.

A cena que sempre me vem a mente é Hamlet, o personagem principal, com uma caveira na mão questionando se vale a pena continuar vivendo e sofrendo ou tirar-lhe a própria vida.

No início do ato III, cena I, Hamlet declama: “Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias e combatendo-o, dar-lhe fim?”

Shakespeare, ao escolher tal frase, “ser ou não ser eis a questão”, talvez não imaginasse tantas interpretações dessa frase longe daquele contexto.

A frase pode ser entendida como uma alegoria qualquer “faço isso ou não faço? E agora o que faço?”. São escolhas e nós somos resultados, reflexos delas, das escolhas.

Para viver em sociedade, em muitos momentos deixamos de “ser” para “aparentar”. Eis a questão: ser politicamente correto ou não ser? Ser eu mesmo ou não ser eu mesmo? Ás vezes, ou muitas vezes, somente representamos, seguimos um papel existencial longe da nossa essência, do nosso puro ser.

Também para as terapias cuidadoras como a filosofia clínica, psicologia, psiquiatria, aprende-se que na mesma pessoa somos masculino e feminino, o verdadeiro e o mentiroso, corajoso e covarde, o belo e o feio, luz e sombra, yin e yang.

Nas civilizações tradicionais, falam da nossa constante luta interna, como no dizer do Xamã que afirma que “dentro de nós há dois lobos brigando, um mau e outro bom”. Ao ser questionado qual deles ganha o confronto, o xamã responde: “Aquele que eu mais alimento”.

Ser ou não ser? Ou só parecer? Na vida, estamos constantemente decidindo o que seremos no instante a seguir. Ao decidirmos, somos. Ao sermos, fazemos história e nesta nos mostramos ao mundo. No frigir dos ovos, eu não sou somente aquilo que falo, aquilo que penso, mas fundamentalmente eu sou aquilo que eu faço.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre isso?

Comentários

Visitas