Pular para o conteúdo principal
Filosofia e Música

Beto Colombo
Empresário, Filosofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC
Criciúma/SC


Querido leitor, que você esteja bem. Hoje, em nosso comentário, vamos falar sobre filosofia e música.

Filosofia, como sabemos, significa “amigo da sabedoria”. E também sabemos que todos filosofamos, de um jeito ou de outro e que cada um que me lê nesta coluna não deixa de ser um pensador, um filósofo.

Mas, para pensar, para filosofar, é necessário fazer algo fundamental: perguntar, questionar. A pergunta abre, impulsiona, nos faz movimentar. A pergunta nos move. Talvez as descobertas mais importantes da humanidade surgiram com as perguntas. Justificada a importância da pergunta, vamos a uma: quanta filosofia há nas notas musicais?

Caetano Veloso canta sabiamente: "Quando eu te encontrei frente a frente não vi o meu rosto, chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto mau gosto. É que Narciso acha feio o que não é espelho, e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho"...

Por intermédio da música Sampa, Caetano retrata a cidade de São Paulo em pleno eldorado brasileiro, com seu frio concreto e o formigueiro humano do final da década de 1960. E também o quanto ele estranhou o lugar bem diferente das cidades praianas em que ele vivera até então.

Chico Buarque, outro ícone da nossa música, extravasa na música Roda Viva, de 1967, ao dizer que: "A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá. A gente vai contra a corrente e até não poder resistir"... Aqui é o Chico protestando e relatando a situação do Brasil em plena ditadura militar.

Tanto na música como também na ciência há muita filosofia. Como exemplo, cito o Biólogo Johannes Von Uexkull, que afirmou que cada organismo é uma música que se toca. Um colega da informática disse, certa vez, que o corpo é como um hardware e que há um software instalado.

Bernardo Soares, autor do livro Desassossego nos diz que "a alma é um buraco escuro onde moram músicas. Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumento tange e range, cordas e harpas, timbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia".

O filósofo Johannes Kepper afirmou que Deus não havia colocado os planetas daquele jeito no céu por acaso. Para ele, Deus é um grande músico geômetra e que os movimentos dos astros em sintonia com os planetas tocavam uma melodia para o êxtase dos homens.

A igreja, por sua vez, diz que há muito tempo havia decifrado a música de Deus e que nós já a conhecemos, pois nas celebrações dominicais já estavam usando que é o conhecido canto gregoriano.

O Papa Paulo VI dizia que quem canta reza duas vezes. Já o Papa Bento XVI acredita nisso e vai além. E essa é a razão pela qual ele deseja o retorno do canto gregoriano nas missas. O canto gregoriano é a melodia de Deus e nós, reles mortais, não devemos interferir com nossas letras e músicas profanas na melodia divina de exclusividade eclesiástica.

A música, para mim, é um procedimento clínico. Talvez haja mais filosofia nas letras e melodias do que em todos os escritos filosóficos.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre filosofia e música?

Comentários

Visitas