Pular para o conteúdo principal
DNA da santidade

Pe. Flávio Sobreiro
Filósofo Clínico, Poeta
Cambuí/MG


São Francisco de Assis, Santo Afonso Maria de Ligório, Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Rita de Cássia... Santos canonizados. Reconhecidos oficialmente através da Igreja pelas virtudes que iluminaram seus caminhos rumo ao coração de Deus.

O caminho da santidade é construído no cotidiano da nossa vida. Os santos e santas nos ensinam está verdade: santo é quem faz da sua vida um altar do amor. Eles só atingiram a santidade porque viveram a vida com todas as consequências da caminhada: erros e acertos; alegrias e tristezas; luzes e trevas.

O que é ser santo? Ser santo não é ser perfeito! Se fossemos perfeitos não era preciso buscar a santidade, pois já seríamos santos de fato. Os grandes santos nos ensinam que viver reconciliados com nossa humanidade é fundamental para quem se propõe a buscar a santidade. São Francisco de Assis reconciliou seu lado humano com o mistério da morte a tal ponto de chamá-la de irmã morte. Santa Terezinha do Menino Jesus trilhou seu caminho de santidade na obediência.

Hoje vivemos um tempo em que a busca da santidade está em alta. Tal atitude não é errada. E devemos sim buscar a santidade. Porém, muitos têm buscado a santidade sem se reconciliar com seu lado humano. E quando descobrem que enquanto não forem humanos não conseguirão chegar à santidade entram em complexas crises de identidade.

O caminho da santidade passa essencialmente pelos territórios humanos que compõe o nosso ser. Buscar a santidade e esquecer-se de se reconciliar com o humano é fonte de problemas psicológicos sérios. Muitos têm trilhado este caminho perigoso. Olham para os santos como se estes nunca tivessem pecado na vida.

Os santos só conseguiram chegar à santidade porque foi através de suas próprias imperfeições que eles buscaram a cada dia serem melhores. O caminho da santidade começa a ser trilhado quando o presente se torna um lugar de reconstrução. O passado nos ensina o erro cometido, o presente é lugar por excelência de recomeçar e o futuro é morada da esperança.

Muitos querem ser santos mais ainda não aprenderam a serem humanos. Desejariam serem robôs programados para fazerem somente o bem, mas a realidade é permeada de imperfeições. Acordam com o olhar no ideal perfeito de uma vida sem erros, mas adentram a noite perdidos nas trevas do erro. Buscam a perfeição e esquecem-se de se reconciliarem com o que ainda está em construção. Andam pelas margens da estrada da vida e se desviam das pedras necessárias para o amadurecimento. As pedras que se encontram no meio da estrada só serão prejudiciais se nada aprendermos com elas.

O primeiro passo para sermos santos é identificarmos as nossas imperfeições. É ainda preciso ter consciência que nunca seremos 100% perfeitos. Nem mesmo São Francisco de Assis o foi. Ele só foi santo porque buscava a cada refazer a sua história. Nos erros da vida São Francisco de Assis descobria em cada nova manhã a chance de recomeçar.

O segundo passo para o caminho da santidade é fazermos de cada novo dia uma oportunidade de recomeçar. Quem nunca encara os seus pecados dificilmente conseguirá encontrar meios para vencê-los. É mais fácil maquiarmos o erro do que olhar no espelho de nossa alma e reconhecermos o seu verdadeiro rosto. Às vezes é mais fácil e bonito vivermos com um ideal de santidade do que nos esforçarmos para mudarmos atitudes que não contribuem em nada com nosso crescimento humano e cristão. Ser santo não é fácil, mas também não é impossível.

O terceiro passo é buscarmos a santidade no cotidiano da nossa vida. Amar mais aqueles que vivem ao nosso lado. Exercitar a paciência quando estamos a ponto de descarregar nossa raiva em quem não tem culpa dos nossos fracassos. Ser solidário quando todos pensam apenas em si mesmos.

Ser santo é fazer a diferença no mundo! Cristão é aquele que transforma a realidade onde vive com gestos de amor e fraternidade. Deus não quis robôs. Eles nos fez humanos para que descobríssemos a felicidade escondida nos mistérios mais simples e bonitos da vida. Seremos santos à medida que a santidade não for um peso ou uma imposição, mas sim um estilo de vida.

Comentários

Visitas