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Fragmentos filosóficos delirantes LXXX*


"Ora há duas espécies de loucura: uma nascida das enfermidades humanas e a outra provocada por um impulso divino que nos leva a abandonar os costumes habituais"

"(...) mas na realidade os maiores bens vêm-nos por intermédio da loucura, que é sem dúvida um dom divino"

"(...) começar por descrever a alma com toda a exatidão e por fazer ver se por natureza ela constitui uma coisa una e homogênea ou se, à maneira do corpo, é multiforme. Eis o que chamamos mostrar a natureza de uma coisa"

"De fato, é no estado de loucura que a profetisa de Delfos e as sacerdotisas de Dodona têm proporcionado à Hélade inúmeros benefícios, tanto de ordem privada como pública, enquanto, no bom senso, a coisa de pouca monta ou nada se reduz o que fazem"

"Outro gênero de possessão divina e de loucura provém das Musas; quando encontra uma alma delicada e pura, desperta-a e arrebata-a, levando-a a exprimir-se em odes e outras formas de poesia, embeleza as inúmeras empresas dos antigos e educa os vindouros"

"Além de venerar aquele que possui a beleza, nele encontra o único médico para os seus graves sofrimentos. E a este estado de espírito, ó belo jovem a quem se dirige o meu discurso, chamam os homens: Amor"

"O homem, quando vê a beleza de cá e se recorda da verdadeira beleza, é provido de asas e, munido delas, arde no desejo de voar; sem forças bastantes, no entanto, olha para cima à maneira de uma ave, descura os assuntos terrenos e recebe então a acusação de se encontrar em estado de loucura"

"(...) compreender a natureza da alma pelo mesmo método e encontrar para cada uma a forma de discurso apropriada, dispô-lo e ordená-lo em conformidade, de modo a oferecer à alma complexa uma oração complexa e elaborada, e discursos simples à alma simples"

"(...) os melhores desses discursos constituem um meio de suscitar a recordação em quem já sabe"

"Uma vez escrito, cada discurso rola por todos os lugares, apresentando-se sempre do mesmo modo, tanto a quem o deseja ouvir como ainda a quem não mostra interesse algum. Não sabe, por outro lado, a quem deve falar e a quem não deve. Maltratado e insultado injustamente, necessita sempre da ajuda do seu autor, uma vez que não é capaz de se defender e socorrer a si mesmo"


*Platão
Fedro
Ano 387 a.C

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