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Fragmentos filosóficos delirantes LXXXII*


"Acho que alguns versos (...) não ocorrem senão em momentos muito raros, quando a musa é generosa"

"Quando penso em amigos meus tão caros como Dom Quixote, o sr. Pickwick, o sr. Sherlock Holmes, o dr. Watson (...) (não estou certo se tenho muito mais amigos), sinto que as pessoas que escreveram suas histórias estavam 'contando história', mas que as aventuras elaboradas eram espelhos, adjetivos ou atributos daquelas pessoas"

"Há versos é claro, que são belos e sem sentido. Porém ainda assim têm um sentido - não para a razão, mas para a imaginação"

"O crítico austríaco Hanslick escreveu que a música é o idioma que podemos usar, que podemos entender, mas que somos incapazes de traduzir"

"Os homens buscaram parentesco com os derrotados troianos, e não com os vitoriosos gregos. Isso talvez porque haja uma dignidade na derrota que dificilmente faz parte da vitória"

"O filósofo chinês Chuan Tzu sonhou que era uma borboleta e, ao acordar, não sabia se era um homem que sonhara ser uma borboleta ou uma borboleta que agora sonhava ser um homem"

"(...) gostaria de dizer que cometemos um erro bastante comum em pensar que ignoramos algo por sermos incapazes de defini-lo"

"Creio que Emerson escreveu em algum lugar que uma biblioteca é um tipo de caverna mágica cheia de mortos. E aqueles mortos podem ser ressuscitados, podem ser trazidos de volta à vida quando se abrem as suas páginas"

"O bispo Berkeley escreveu que o gosto da maçã não estava nem na própria maçã - a maçã não pode ter gosto por si mesma - nem na boca de quem come. É preciso ter um contato entre elas"

"Passamos à poesia; passamos à vida. E a vida, tenho certeza, é feita de poesia. A poesia não é alheia - a poesia, como veremos, está logo ali, à espreita. Pode saltar sobre nós a qualquer instante"

*Jorges Luis Borges
1899 - 1986

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