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Fronteiras

Luana Tavares
Filósofa Clínica
Niterói/RJ


À margem do que somos, os caminhos são percorridos e nos perpassam, como alternativas fugazes que se desdobram em transitoriedades.

Eles nos induzem a direções múltiplas e nos indicam possibilidades tão infinitas quanto as estrelas a nos instigar o devaneio... sempre aguardando que nos esqueçamos de uma fugacidade para adentrar outra... sempre nos lembrando da nossa frágil constituição ou da nossa perversa humanidade.

O bater de asas das borboletas questiona para onde vamos, porque retornamos, ou o que existe do outro lado.

Qual lado? Não sei, não importa. Ou importa somente a quem se arrisca ou a quem se aventura ou a quem decide romper as amarras. A quem vislumbra além da próxima esquina.

Podem ser todos os possíveis lados; todos os prováveis mundos a que estamos sujeitos; todos os infindáveis futuros a que nossas pequenas ações nos possibilitam.

A magia está em perceber qual trilha penetrar, qual palavra exprimir, qual sentimento ou pensamento valorizar.

E mesmo que as escolhas pareçam válidas, ou contextualmente verossímeis, acontece de um olhar se voltar e intuir que tudo poderia ser diferente, tudo poderia estar em outras frequências.

Quem sabe se o tempo passa, ou se somos nós que passamos por ele.

Quem sabe sobre o paralelismo a que estamos sujeitos ou em quantas singularidades poderíamos vivenciar, até mesmo simultaneamente. Experimentamos sensações, vibrações, impulsos... e tantos outros sentires que nos impelem, como marionetes vivas, a provarmos o gosto efêmero do limiar entre os dois extremos.

E quantas indizíveis expressividades pautamos na vida?

Ao nos percebermos conscientes, nem sempre nos damos conta da dimensão do que isto significa, nem sempre alcançamos a exata percepção do instante. E este pode ser desmesuradamente absurdo em seus devires, em tudo o que especulativamente se possibilita.

Determinar o que será depende da sensibilidade (ou não) do momento, da consciência do papel existencial, do domínio de talentos e das infindáveis escolhas.

Depois, o que acontece é somente uma espera, para realizarmos outras escolhas, prepararmos novos devires, rompermos novos horizontes.

Porque somos talhados para desbravar fronteiras, quaisquer que sejam elas, pois que cada um tem seu limiar a atravessar e este pode ser o mais pessoal atributo de uma alma.

E estas fronteiras são também infinitas... como uma espiral que nunca acaba, que nunca cessa, mas que se abre em intensidades inebriantes e talvez até mesmo insuportáveis.

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