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Uma terapia aprendiz

Hélio Strassburger
Filósofo Clínico

Em um lugar itinerante a realidade_ficção, de vocabulário desconhecido, transita numa interseção a transgredir limites. Suas andanças apreciam a retórica das incompletudes. Nessa dialética incomum os percursos de saber eremita revelam cenários de novidade.

Uma instável harmonia acontece na aproximação com a estética dos anúncios. Considerações ilegíveis não fora a percepção fugidia de um talvez. Ao discurso dessas irregularidades criativas, as múltiplas versões apreciam o exílio na palavra sem nome. Sugerem colagens ao roteirista de ficção, oferecendo internações na liberdade das ruas.

Essa verdade de caráter difuso também pode se encontrar na razão desmerecida. Seu viés de caricatura persegue horizontes por vir. Na perspectiva caótica das crises, a busca pelas origens, tradução e relação com esse devir meteórico, reivindica uma abordagem de terapia aprendiz, pois a verdade desconsiderada fica visível por brevíssimos instantes.

Não seria pouca coisa se alimentassem o cotidiano com seu devaneio, peripécias de andar sobre as águas, ultrapassar muros e levitar por sobre as cidades. Achados na alquimia da raridade precursora, onde o agora inesperado esparrama vestígios de uma vida sem censura.

Seu caráter de barquinho solitário em águas desconhecidas é visionário, inventa territórios, linguagens, divulga absurdidades ao seu redor. Ao mencionar coisas sem sentido, se debate em tratativas com línguas diferenciadas.

Uma aproximação com a lógica desses contextos aprecia uma terra de ninguém onde alguém se aventura transitar. A vastidão dessa região inexplorada, virgem e sem fronteiras, reverencia a magia dos desassossegos, a desalojar certezas, profetizar novos signos.Sua aptidão criativa desconstrói cercas, reinventa aquilo que se tinha como fim. Em meio à tempestade, seu viés de retórica mal formulada, divulga sensações de terra à vista.

Na pessoa fora de si, o deslumbramento precursor antevê reflexos estranhos diante do espelho. A esse apreciador das atitudes ensimesmadas, onde a natureza exercita seus códigos sagrados, a mensagem desconhecida aparece suspeita. Seu dialeto reinventa discursos e se faz ameaça ao mundo conhecido.

A natureza aprecia brincar na desconstrução das convicções mais sagradas. Sua feição de aspecto improvável refere uma arquitetura_esconderijo a proteger raridades. Seus rituais preferem o êxtase fugaz da loucura das origens.

Na pessoa assim estruturada é comum a sensação de ser protagonista em uma história que não lhe pertence. Texturas de um íntimo labirinto onde acontecem enfrentamentos entre o antigo e o novo eu. Sendo algo nunca visto, esse fenômeno permitiria múltiplos pretextos, não fora o sentido original de seu autor.

Nuance de epistemologia marginal a se desdobrar num íntimo labirinto. Lugar onde o sujeito rascunha ângulos inéditos, escrituras sobre zonas inesperadas, afastadas da percepção usual. O convívio com essas fontes da singularidade reinventa o ser do terapeuta.

Os manuscritos exilados na estrutura do olhar podem servir para decifrar a transição: pessoa_não pessoa_pessoa. Os jogos de linguagem assim dispostos costumam ser a medicação refugiada na própria crise, vivência contraditória e ainda sem noção de si mesma.

As tormentas apreciam encontrar esse estrangeiro na própria casa. Uma residência provisória a entrever fendas, por onde a transgressão se insinua. A reescrita desses eventos desconhecidos oferece ensaios horizontais, verticais, transversais. Associa realidades extraordinárias numa estética excessiva, a espera do filósofo clínico aprendiz.

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