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Fragmentos filosóficos delirantes LXXXVI*

"Fruto de enganos ou de amor,
nasço de minha própria contradição.
O contorno da boca,
a forma da mão, o jeito de andar
(sonhos e temores incluídos)
virão desses que me formaram.
Mas o que eu traçar no espelho
há de se armar também
segundo o meu desejo.
Terei meu par de asas
cujo vôo se levanta desses
que me dão a sombra onde eu cresço
- como, debaixo de árvore,
um caule
e sua flor"

"Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto"

"Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada"

"Escrever é escutar as águas interiores e espreitar vultos no fundo"

"Para ser inteira não preciso me defender erguendo barreiras à minha volta: às vezes só me fragmentando e dilacerando de amor, dor ou perplexidade, terei chance de juntar meus pedaços e me reconstruir mais inteira"

"Não importam os significados: qualquer interpretação será insuficiente. Como na vida, vale o desafio: que no breve espaço do nosso tempo a gente consiga quebrar as algemas do preconceito, recusar as indevidas cobranças, entender que a culpa é o selo da morte. E abrir-se para a vida: que nem sempre é mesquinha; e que nem sempre nos trai"

*Lya Luft

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