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Fragmentos filosóficos delirantes LXXXVII*


"O Dr. Ricardo Reis nasceu dentro da minha alma no dia 29 de janeiro de 1914, pelas 11 horas da noite. Eu estivera ouvindo no dia anterior uma discussão extensa sobre os excessos, especialmente de realização, da arte moderna."

"Ora um desvio patológico equilibrado é uma de duas cousas - ou o gênio ou o talento. Ambos estes fenômenos são desvios patológicos, porque, biologicamente considerados, são anormais; porém não são só anormais, porque têm uma aceitação exterior, tendo, portanto, um equilíbrio. A esse desvio equilibrado chamar-se-á gênio quando é sintético, talento quando é analítico; gênio quando resulta da fusão original de vários elementos, talento quando procede do isolamento original de um só elemento."

"A verdadeira arte decadente é a dos românticos. Aqui o ponto de partida é o sentimento; o intelecto é utilizado para interpretar esse sentimento."

"A beleza, a harmonia, a proporção não eram para os gregos conceitos da sua inteligência, mas disposições íntimas da sua sensibilidade. É por isso que eles eram um povo de estetas. Procurando, exigindo a beleza todos, em tudo, sempre. É por isso que com tal violência emitiram a sua sensibilidade sobre o mundo futuro que ainda vivemos súditos da opressão dela."

"O poeta pode ter a sua moral particular."

"A finalidade da arte não é agradar. O prazer é aqui um meio; não é neste caso um fim. A finalidade da arte é elevar."

"(...) afinal, que são os heterônimos senão o afloramento do eu profundo?"

*Fernando Pessoas

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