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Invisibilidades*



"Não pude dispersar os meus deslimites que caíam e refaziam os caminhos de volta a mim. E agora... encontro-me enfermo de sonhos!”
Djandre Rolim

Um reflexo parece dizer sobre se estar dentro da vida e fora do tempo, como uma ficção exilada na realidade. Ao ter uma epistemologia de subúrbio, sua filosofia da estranheza esboça um soar excessivo.

A atitude introspectiva refaz manuscritos sobre o fenômeno à deriva no traço. Interseção extraordinária entre o lapso das travessias e as poéticas do absurdo. Atualiza a visão desses delicados contornos a se deslocar, parece reivindicar uma arte de tornar-se.

A partir desse sujeito transbordando originais, os excepcionais eventos integram a irrealidade presente no cotidiano. Esse esboço de eus ficaria irreconhecível, não fora esse nômade das chegadas_partidas.

O estrangeiro de cada um se oferece nos trocadilhos, distorções, contradições quase imperceptíveis, muitas vezes em labirintos de lógica kafkiana, onde os delírios rascunham a rara aptidão de estar inteiro em cada momento.

Talvez a pessoa ao ser inédita para si mesma, consiga desconstruir o anonimato dessas raridades. A releitura, ao apontar o movimento de toda permanência, pluraliza combinações, oferece inéditas alternâncias pelos vãos manuscritos desses outros de si mesmo. Sua designação de caráter flutuante ressoa num sorriso, lágrima ou frase sem sentido. Assim pode ir longe sem sair do lugar, numa busca a pluralizar horizontes.

As práticas de multidão se sustentam entremeios de dúvida e certeza, numa insinuação sobre um estranho na própria casa. A subjetividade assim descrita possui lógica de periferia, se desloca quase invisível pelas sucessivas vizinhanças. Aqui arrumar as malas significa reinventar caminhos.

Nessas frequências internadas na rua, a quimera do olhar itinerante multiplica modos de ser, estar, deslocar. Acompanha um exercício de liberdade exótico aos códigos conhecidos. O querer dizer calado na verdade estilhaçada se oferece na esteticidade a integrar paradoxos.

A utopia vivenciada no mundo das ideias ameaça, com sua vertigem especulativa, abrir janelas, derrubar paredes, prescrever amanhãs. Parece ser um desses lugares onde a natureza existe antes de ser palavra.

A inquietude precursora embala novos vocabulários, sua pronuncia reivindica viajantes a transpor fronteiras. Quiçá ofereça uma leitura visionária sobre esse recém-chegado ao velho jardim.

*Hélio Strassburger
Filósofo Clínico

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