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Sobre a Lua

Luana Tavares
Filosofa Clínica
Niterói/RJ


A Lua sempre me encantou, mas não por algo em especial e sim por puro fascínio. Na verdade, não saberia explicar exatamente o porquê, talvez simplesmente a entenda como se fosse um espelho da própria singularidade humana. A Lua é inteira, é metade, se oculta e transparece no seu próprio tempo, mas também reflete, provoca, inspira, desvanece.

Seu movimento preenche expectativas, controla colheitas, determina processos e desperta poesias... sem justificar ou se explicar, apenas concentrando a vida em suas fases e não se importando com as distâncias e as temporalidades.

Desde que seu brilho não seja ofuscado pelo vácuo insondável da simplória existência, ela se manifesta a quem puder senti-la e apreciá-la. Também partilha momentos de intimidade e introspecção, assim como aqueles de euforia e perdição.

Já presenciou dores e alegrias, discursos vãos e profundas falas de rua. Das sombras à plenitude, cumpriu seu destino de manter equilíbrio e instigar desafios, fluindo pelas transformações crescentes e cheias de significado. Mas também minguou e se renovou na aposta dos violeiros.

Na dança das marés, homens se debruçam em silêncio respeitoso à sua vontade, como se dela dependesse o destino dos mortais, na roda da fortuna governada por sua soberania e através de seu poder. Esta é a Lua que domina, que se impõem e não perdoa.

Mas a Lua, como a vida, sabe ser bela, onipresente, misteriosa... e permanece lá, da forma como a intuímos, envolta na névoa confusa da imaginação e da realidade fatídica que se manifesta. Suas rotações permitem eclipses e o depósito de nossas (in)completudes e nossos devires.

É a Lua... à disposição para olhares apaixonados, apreensivos, enigmáticos. E para os pulsares invisíveis da sintonia humana.

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