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Fragmentos filosóficos delirantes XCIII*


"Para algumas almas, ébrias de onirismo, os dias são feitos para explicar as noites"

"(...) no mundo do sonho não se voa porque se tem asas, mas acredita-se ter asas porque se voa"

"Há palavras que, apenas pronunciadas, apenas murmuradas, abrandam em nós os tumultos. Quando sabe uni-las em sua verdade aérea, o poema é por vezes um maravilhoso calmante."

"No reino do imaginário, não é impossível que o moinho faça girar os ventos"

"Aquilo que é difuso nunca é visto na imobilidade"

"O sonho é a cosmogonia de uma noite. Todas as noites o sonhador recomeça o mundo. Todo ser que sabe desprender-se das preocupações do dia, que sabe dar ao seu devaneio todos os poderes da solidão, devolve ao devaneio sua função cosmogônica"

"Há no céu tantos sonhos que a poesia, embaraçada pelas velhas palavras não conseguiu nomear"

"O conhecimento poético do mundo precede, como convém, o conhecimento racional dos objetos. O mundo é belo antes de ser verdadeiro. O mundo é admirado antes de ser verificado. Toda primitividade é onirismo puro"

"O poeta não tem que traduzir-nos uma cor, mas fazer-nos sonhar a cor"

"Um cosmos nietzschiano vive em instantes reencontrados por impulsões sempre jovens. É uma história de sóis nascentes"

"Há naturezas que banalizam as imagens mais raras: têm sempre conceitos prontos para receber as imagens"

"Para a imaginação dinâmica, o primeiro ser que voa num sonho é o próprio sonhador. Se alguém o acompanha em seu voo, é antes o silfo ou a sílfide, uma nuvem, uma sombra; é um véu, uma forma aérea envolvida, envolvente, feliz por ser vaga, por viver no limite do visível e do invisível"

*Gaston Bachelard
O ar e os sonhos

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