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Pela primeira vez professora

Débora Perroni
Professora de Filosofia, estudante de Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS


Hoje, 22 de março de 2012 eu me senti pela primeira vez professora! Não foi quando fiz o meu primeiro estágio (ocasião em que descobri a minha vocação), ou quando apresentei o meu trabalho de conclusão, nem quando vesti a toga e recebi o meu diploma.

Hoje eu me dei conta do poder que tenho em minhas mãos, hoje eu sei o valor do meu conhecimento. Não foi à toa que dois políticos de partidos opostos vieram pedir o meu apoio, eles já haviam percebido o que eu nem sequer sonhava.

De alguns de meus professores eu tirei lições para a vida toda, me dá saudade do convívio com pessoas tão especiais que puderam ver em mim um investimento e é assim que eu vejo os meus alunos. É neles que eu deposito a minha confiança em um mundo melhor. Pode dizer: é utópico, sim! Mas no sentido positivo da palavra, de algo que ainda não existe, mas que é possível!

Realmente me cansa ver as pessoas reclamarem pelo simples prazer de reclamar, porque está na moda reclamar, porque você se traveste de intelectual ao fazê-lo, mas quando é proposta a mudança a essas pessoas elas se justificam com mil motivos, para que não saiam da sua condição de vítima que já está internalizada!

Este é o preço que se paga por viver em um sistema medíocre, que é sustentado num mundo de ideias, baseado em uma constituição de uma democracia que, antes de tudo é, em verdade, uma demagogia!

Não é possível que todo político se deixe corromper quando estão no poder! Não é possível que tenham encarado a carreira apenas como um bem de consumo, ou um modo de adquirir bens de consumo. Eu não acredito, ou melhor, eu não quero crer que todo político pense assim, que ele nunca teve "vontade política" de melhorar e contribuir com a nossa sociedade.
De nada adianta reclamar do sistema se não fizermos algo para mudá-lo. Não cabe a nós combatê-lo, o que nos cabe é usar as suas ferramentas a fim de torná-lo digno!

Política é assunto que eu tinha asco, até que comecei a estudar para dar aulas de sociologia aos meus alunos, e hoje compreendo o rio de ideologias em que estamos imersos, hoje mesmo até pensei em fazer parte dela.

Esse amadurecimento intelectual não acontece do dia pra noite, foram anos de rebeldia e, por consequência, de repressão, até que eu entendi o meu valor como pessoa e hoje enfim entendo o meu valor como professora!

E isso não diz respeito a remuneração salarial, mas a semente idealista que eu planto no coração de cada um. Agradeço ao sistema por me proporcionar a profissão, eu vou devolver tudo a você ensinando: Marx! Nietzsche! Maquiavel! Hobbes! Locke! Rousseau! Montesquieu! Platão! Comte! Freire! Sobre política, religião, sociedade e filosofia!

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