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Fragmentos filosóficos delirantes XCIX*


"(...) vocábulos que estão em permanente estado de mutação, em peças de um caleidoscópio, dando a mais inesperadas combinações"

"A língua da análise científica, esqueletizada pelo uso de abstrações, é rica de termos que definem e determinam as coisas em todos os sentidos, porém é pobre de palavras, criadoras de imagens"

"O artista que aspire a pensar originalmente e a dizer coisas próprias de seu tempo deve preparar a língua de que necessita com suas próprias mãos"

"O poeta imagina, a imaginação vê o mundo como não é... finge, inventa, não imita (...) criador, inventor, não imitador, eis o caráter essencial do poeta"

"As regras nascem quando falta quem pense (...)"

"O mal de nossa época é que a poesia já esteja reduzida a arte, de modo que, para ser verdadeiramente original, é preciso romper, violar, desprezar, deixar de parte inteiramente os costumes e os hábitos e as noções de normas, de gêneros, recebidas de todos"

"(...) justamente esse desvio da norma, que rompia as expectativas do leitor, explicava o processo da arte, que é um processo de desautomatização (o uso normal do código automatiza as reações) mediante um recurso de singularização, efeito de estranhamento"

"O poeta uso o código da língua em cada obra ou conjunto de obras, como uma espécie de subcódigo individual, personalíssimo. Este código privado e individual, no nível da função poética, vai constituir um idioleto"

"Chomsky põe a ênfase no aspecto criador da linguagem, ao nível de sua utilização corrente, dizendo que as coisas se passam como se o sujeito falante inventasse de certa maneira a língua à medida que se fosse exprimindo ou a redescobrisse à medida que a fosse ouvindo falar em seu redor"

"Lévi-Strauss defende o ponto de vista de que o signo linguístico é arbitrário a priori, mas deixa de o ser a posteriori, pois os grupos de sons escolhidos arbitrariamente para designar objetos acabam afetando de nuances particulares o conteúdo semântico que lhes ficou ligado"

"(...) a adoção da linguagem verbal como padrão absoluto e tirânico de todos os demais sistemas de signos, a redução destes à condição de sistemas heterônomos, pode levar a descaminhos perigosos e empobrecedores"

*Haroldo de Campos

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