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Geração Celular

Beto Colombo
Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC
Criciúma/SC


Querido leitor que você esteja bem. Sábado à noite saí para beber um chope e, como de costume, observo hábitos, comportamento das pessoas que, assim como eu, saíram de casa num gostoso sábado e aprazível à noite. Saí para relaxar, bater um bom papo com amigos; e olha que eu vou longe atrás de um bom bate-papo e curtir a filosofia de botequim, entre outras coisas.

Como disse, gosto de observar hábitos e, nesse local que fui, era um bom laboratório, pois a maioria do público era de jovens abaixo de 30 anos. O que me chamou atenção era o volume do ruído ocasionado pela conversa entre as pessoas que ali se encontravam.

Prestando melhor atenção, qual não foi minha surpresa quando percebi que o ruído era ocasionado sim pelas conversas, porém, o diálogo se dava não só pelos presentes e sim pelo diálogo que ocorria devido ao telefone celular. É isso mesmo! Você convida amigos para sair, conversar, relaxar e a pessoa a qual você faz interseção não está presente, pois dá atenção, provavelmente, a alguém que está em casa na frente do computador, também dialogando com outros trancafiados em algum quarto, em algum lugar desse planeta.

Observando um pouco, vejo pessoas em silêncio. Compenetradas, olhando para baixo. Mas, observando um pouco melhor, vejo que estão enviando ou recebendo mensagens, ou, possivelmente, acessando a internet. De repente, postando foto recentemente tirada naquela mesa. É uma velocidade incrível nas informações externas, um vai e vem frenético de palavras, mas parece que não paramos mais na frente do outro.

O sinal é esse: pare e olhe por até cinco segundo no olho do outro. Na grande maioria das vezes não conseguimos passar do segundo ou terceiro segundo. Quando alguma coisa vai ocorrer de interseção de amizade, mudamos o olhar, provavelmente, voltamos a tela do computador, do celular.

Como administrador de empresa, adquiri alguns hábitos que não abro mão. Um deles é que, geralmente, não chamo meus liderados para conversar em minha sala, eu vou à sala deles. Faço isso, e quando sou interrompido pelo telefone do outro, principalmente o celular, levanto e encerro a conversa. Tenho minhas razões, a principal é que se a pessoa do outro lado da linha é mais importante que nossa conversa, então podemos deixar para depois, isso sem falar da falta de educação.

Claro que compreendo que há os casos de urgência e emergência, mas esses, como sabemos, são exceções e como exceções vão ser tratados. O que me intriga é que atender telefone na frente do outro virou regra.

Recentemente esperava na fila de uma repartição pública para ser atendido, mas a demora era grande porque tinha somente um atendente que recebia pessoalmente as pessoas e atendia ao telefone, tudo ao mesmo tempo. Não deu outra. Da fila liguei para a repartição e fui atendido mais rápido e meu caso foi resolvido dessa forma.

Do jeito que estamos indo, daqui a pouco teremos algum tipo de LER – Lesão por Esforço Repetitivo – advinda justamente pelo uso excessivo e repetitivo do celular. Mais do que isso, como conheço muitas pessoas que se sentem nuas e não saem de casa sem o tal aparelho, inclusive levam para o banho e dormem com ele, o telefone celular deverá ser eleito o segundo melhor amigo do homem. O primeiro? É o cachorro é claro. Mas desde que a foto esteja estampada no visor do celular.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, o que pensa sobre a geração celular?

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