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A gente não quer só comida... A gente quer fazer amor.*

Perguntamos aos internautas como andava sua satisfação em relação a sua sexualidade. Para nossa surpresa, já que, em tempos modernos, todos se declaram resolvidíssimos neste assunto, o resultado ficou entre o sofrível e o mortal.

Quem não respondeu que não está satisfeito, ficou pela casa do ainda posso melhorar e os índices são altos, tanto na participação, quanto na distribuição da votação.

Seguindo a lógica da experiência de consultório, já, há alguns anos, abordando corajosamente este dilema na vida das pessoas, e fundamentada em estudos sobre o comportamento da humanidade dentro deste cerne, posso desmentir, aqui agora, ainda neste parágrafo, que não tive surpresa alguma. E mais, posso pontuar algumas questões que levam as pessoas a um alto nível de insatisfação com sua sexualidade.

Vamos fazer uma brincadeira? Eu cito alguns pontos, aleatoriamente, e você me envia uma mensagem, classificando por ordem de importância, o que julga atrapalhar mais a vida sexual das pessoas no século XXI.

A indústria do sexo e a mídia abusiva.

A pressão na oferta de produtos e serviços sexuais, além do constante apelo da arte cênica moderna em torno do sexo, promovendo em nossas mentes um alerta libidinoso, um despertar a qualquer custo, para a necessidade de transar o máximo possível com o máximo possível de pessoas. A ansiedade gerada por esta gama extra de informação que é diariamente distribuída pela internet, pelas revistas femininas e masculinas, pelas novelas, pelos filmes e, de uma forma implícita, nos anúncios de variados produtos. Tudo isto nos dizendo, diariamente, que se não transamos, que se não "pegamos" alguém, que se não variamos, não fazemos parte do clã.

Mitos, preconceitos e tabus.

O medo em ferir tudo e todos, em transgredir os conceitos de nossa formação, em agredir os feitos de nossos criadores a partir de Deus e passando pelos nossos avós, pais e professores em um passeio conturbado pela nossa consciência que bloqueia nossos desejos mais íntimos, nos impelindo à inércia diante da possibilidade de viver feliz, através de uma vida sexual liberada e rica em sensações da melhor qualidade. A crença em histórias escabrosas que ouvimos na infância, em uma tentativa voraz de nos tornar tão infelizes quanto quem nos ensinava que sexo faz mal.

Falta de conhecimento de si mesmo e de suas preferências sexuais
A negligencia contra o próprio corpo. O terrível hábito que o ser humano tem de não se olhar, de não buscar o melhor para si e de não trabalhar em seu favor. A estranha mania de esperar que façam por nós.

Se cuidássemos de nós, de saber de nós, com a mesma dedicação com que pretendemos cuidar da vida do outro... Se cuidássemos de nós, antes de cuidarmos da vida alheia, saberíamos o que nos faz bem, saberíamos viver nossa sexualidade sem conflitos, teríamos a capacidade de nos doar e de receber do parceiro com naturalidade, o que nos dá prazer. Teríamos a expressão da liberdade em comunicar onde gostamos de ser tocados, como gostamos de beijar, qual posição é mais favorável, a fantasia mais excitante, os sonhos mais secretos.

A estética moderna e a imposição sobre o corpo perfeito.

O que é estar em forma? Para quem temos que estar em forma? Existe um padrão da boa forma? Fazemos sexo com o sistema que estabelece este padrão? Estamos cada dia mais complexados e inseguros quanto a nossa forma física e dependentes do padrão de beleza estabelecido pela mídia que nos influência e deprime. Abrimos mão de viver nossa sexualidade em plenitude, nos reprimimos e não atingimos a felicidade que tanto buscamos. Isto é certo? O que é perfeito e belo, neste caso, não teria que dizer respeito somente aos dois envolvidos? O que é belo para você, passa somente pelo que você vê ou tem que estar nos moldes do que foi determinado pelos outros?

Você seria capaz de se envolver com alguém que exigisse de você, uma aparência física além do que pode ter? Alguém que tivesse observações negativas a seu respeito neste sentido? Estas são questões que, se analisadas e compreendidas, poderiam modificar para melhor a vida sexual de muitas pessoas. Por que você se propõe a fazer sexo com alguém que não lhe agradou em 100% e por que você se propõe a fazer sexo com alguém que tem observações a seu respeito? O que obriga as pessoas a isto? Isto nem é honesto e, para indivíduos pouco estruturados, pode significar um grande problema.

Vou aguardar pelas mensagens.

Bem-estar!!!

O que tem de mais em se entregar ao bem-estar, antes de qualquer outra coisa? Bem-estar com você, bem-estar com o outro. Sensação de bem-estar. Sensação de que está fazendo a coisa certa com a pessoa certa. Atente-se a este grande detalhe, atenda a este sinal e quem sabe assim, possa descobrir que sua sexualidade e a maneira como a conduz pode ser algo muito mais simples e gostoso. Seja forte e repila os conceitos que a sociedade dispara para te enfraquecer. Busque esta força dentro de você.

*Jussara Hadadd
Terapeuta Sexual, Filósofa Clínica
Juiz de Fora/MG

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