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Faz-me Casto, mas não Ainda*

Querido leitor, que você esteja em plenitude. 28 de agosto festeja-se o dia de Santo Agostinho, uma das personalidades mais destacada da história da filosofia, principalmente entre os cristãos.

Agostinho nasceu na cidade de Hipona, no norte da África em 354 depois de Cristo, porém, suas viagens o levaram para longe de casa, pelo mundo mediterrâneo, até sua morte na sua cidade natal. Seu pai era pagão, já sua mãe Mônica era uma mulher simples de fé cristã.

Agostinho se afastou do cristianismo na adolescência e aos 18 anos lançou-se numa busca filosófica que o levaria a frequentar várias posições intelectuais diferentes, antes de se voltar ao que ele chamou de cristianismo católico. Primeiro Agostinho abraçou a doutrina do profeta persa Mani, o maniqueísmo do século III depois de Cristo. Para Mani, o universo é o campo de batalha entre forças do bem e do mal, da luz e das trevas.

Depois se tornou um filósofo cético da sua época do tipo predominante na academia fundada por Platão. Aos 32 anos retornou ao cristianismo, levando consigo o platonismo e seu neoplatonismo, fundindo-os com o cristianismo de um modo que teria consequências de grande importância.

Platão acreditava que o verdadeiro conhecimento está num reino de entidades atemporais, perfeitas e imateriais, com as quais nosso contato é não-sensorial, ou seja, nesse mundo as coisas são imperfeitas e decadentes, porém, em uma outra dimensão existe uma entidade perfeita.

A doutrina de Platão ainda diz que uma parte de nós também é atemporal e imaterial já pertencente àquele reino, enquanto nossos corpos estão entre objetos materiais fugazes e decadentes do mundo sensorial. Tudo isso se tornou parte da visão de mundo cristão que muitos, ou quase todos os cristãos, vieram a supor que tais ideias são originais do cristianismo e devem ser pensadas como parte natural dele.

Em sua autobiografia no livro "Confissões", Agostinho relata sua infância, o retrato de sua mãe e confissões de sua promiscuidade sexual quando jovem, onde ele, querendo, mas ao mesmo tempo não querendo, escapar da escravidão sexual, rogava a Deus: "Senhor, faz-me casto, mas não ainda".

Suas crenças são de natureza histórica, mais que filosófica, acredita que Deus criou o mundo e depois veio viver no mundo como uma das pessoas que o habitam. E o fez por intermédio de um homem chamado Jesus, na Palestina, e viveu uma vida do qual temos registros históricos. Para ele, ser cristão implica, entre outras coisas, acreditar nisso e tentar viver do modo como ordenou, pela boca de Jesus, o Deus que nos criou.

Santo Agostinho viveu até os 32 anos numa busca e numa incerteza entre gozar a vida ou ser casto. Conviveu com uma bonita frase de Paulo: “Tudo lhe é possível, mas nem tudo lhe convém”.

É assim como o mundo me parece hoje. E você, vive com a incerteza entre a escravidão sexual e a santidade?

*Beto Colombo
Empresário, Filósofo Clínico, Coordenador da Filosofia Clínica na UNESC
Criciúma/SC

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