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O que te impede de beijar assim?*

A idéia de escrever um texto contando como foi meu aprendizado do “melhor beijo do mundo” e deixar a revelação da técnica em suspense, tinha a intenção explícita de estimular a fantasia dos leitores, porém a proposta era ainda maior. Gostaria também que refletissem acerca de quem, como, quando e porque estão beijando ou deixando de dar e receber este presente.

Não existe a fórmula do beijo perfeito ou descrição da melhor forma de beijar, a qualidade está muito mais na cabeça dos parceiros que dentro das bocas. Sentimento e emoção são os ingredientes, sem isto o beijo torna-se morno, insosso, indiferente, vazio. O gosto do beijo vai melhorando na exata medida da entrega dos amantes e da veracidade do sentimento.

O segredo que minha amiga ensinou para tornar cada beijo único e inesquecível é beijar sempre como se fosse a última vez. A derradeira despedida. Vivenciar o instante com toda a intensidade, sentir que precisa preservar o momento, segurar o outro com a língua, envolver e ser envolvido, beijar já sentindo a falta e, finalmente, transformar aquele beijo apaixonado em um beijo sagrado. Um beijo inteiro. Um beijo infinito.

Não há beijo melhor. Se você acha que isto é uma explanação teórica, romântica e sem fundamento, das duas uma: ou você esqueceu como é um bom beijo, ou precisa experimentar. E aqui está o problema, as pessoas pensam que vão viver para sempre, esquecem que não são proprietárias dos outros e não se dão conta que relacionamentos precisam ser alimentados e bem tratados. Apesar de vivermos quase um século, este tempo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, dizermos tudo o que precisaríamos, beijarmos como realmente gostaríamos. Vivemos procrastinando.

Cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros, mas para a maioria, é apenas um dia a mais. Steve Jobs conta que ficou muito impressionado com uma frase que dizia “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia isto vai acontecer” e a partir dali, todos os dias olhava-se no espelho e perguntava: “Se hoje fosse o meu último dia, gostaria de ter feito o que fiz hoje? Se a resposta fosse “não” por muitos dias seguidos, sabia que precisava mudar.

Nada na vida continua, tudo recomeça. Sei que as palavras “nada” e “tudo” são fortes, mas esta é a intenção. Viva cada dia como último e renasça a cada manhã. Faça suas 24 horas valerem a pena. Serão seus melhores dias. Seus beijos não serão automáticos nem monocórdios, mas intensos e definitivos.

Morrendo a cada dia, você vai ansiar por voltar a viver. Vai dar valor às pequenas coisas boas e também o devido valor às pequenas coisas ruins que receberam tamanho exagerado. Talvez aprenda que alguns dias tem sido inúteis enquanto alguns momentos, por mais fugazes e simples que pareçam, têm o poder de mudar uma vida. Uma única palavra, um simples carinho, um perdão sincero, um sorriso espontâneo, uma lágrima escorrida, um beijo de verdade. Momentos definitivos.

A vida é curta para quem a mede em anos, e longa para quem a mede em segundos – Mário Quintana.

* Ildo Meyer
Médico, Filósofo Clínico
Porto Alegre/RS

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