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Mostrando postagens de novembro, 2012
Destinados ao vigente* “O filósofo, ainda que nada possua, é dono do próprio destino.” ** A motivação para escrever esse texto veio do filme sobre Giordano Bruno que, inclusive, recomendo. Não li nenhuma obra dele. E o pouco que sei foi lendo textos introdutórios de história da filosofia. Mas, a vida e a pensamento desse filósofo não importa aqui. No filme, duas falas me motivaram a pensar o que vou expor brevemente. Contudo, não me comprometo a argumentar sobre as ideias que me vieram. Pretendo apenas compartilhá-las. Os conceitos que utilizo são mais próprios ao senso comum do que ao rigor filosófico. No filme Giordano Bruno diz: “O filósofo, ainda que nada possua, é dono do próprio destino”. Uma pequena frase me trouxe uma série de confabulações internas. Para auxiliar essa exposição, busco dois pensadores. O teólogo e filósofo Paul Tillich, afirmava que a filosofia obedece à tentativa do filósofo de corresponder ao logos, à razão. E que ela não poderia jamais corresponder a o
Horizontes* Poetizo saudades em horizontes descubro no mistério o nome que não sei versos em tempos saudades a serem escritas no sertão das gerais versos de reversos textos sem contextos cubro-me em estrelas na beleza perdida em letras do que ainda germina assento-me em tardes contemplo saudades do que será espero no ponto final o parágrafo a chegar assim sem medo vida em mim de águas a levar amor em gestos palavras Pe. Flávio Sobreiro Poeta, filósofo clínico Cambuí/MG
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXIX* CONVITE À VIAGEM Existe um país soberbo, um país idílico, dizem, chamado Cocagne que eu sonho visitar com uma velha amiga. País singular, nascido nas brumas de nosso Norte e que poderia se chamar o Oriente do Ocidente, a China da Europa, tanto pela sua calorosa e caprichosa fantasia quanto por ela, paciente e persistentemente ser ilustrada por sábias e delicadas vegetações. Um verdadeiro país de Cocagne, onde tudo é belo, rico, tranqüilo, honesto; onde o luxo se compraz em se ver em ordem, ou a vida é livre e doce de se respirar; de onde a desordem, a turbulência e o imprevisto são excluídos; onde a bondade está casada com o silêncio; onde a própria cozinha é poética, rica e excitante ao mesmo tempo; onde tudo se parece contigo, meu anjo. Conheces essa doença febricitante que se apossa de nós nas gélidas misérias, essa nostalgia de um país que ignoramos, essa angústia vinda da curiosidade? É um lugar que se parece contigo, onde tudo é
A Lua Integradora_28nov2012* Depois da intensidade lunar do último mês, chegamos em uma lua propícia às (re)integrações. Ela vem consonante a um espírito natalino que se apresenta através da maior egrégora do país, todo ano, a que, religiosamente e não, comemora o Natal no dia 25 de dezembro. Época de confraternizar, de pegar leve, de se emocionar, de sentir mais. A Lua é a da Temperança, e essa Mocinha Angelical sente. E como. Devemos nos esforçar para escutar o que vai dentro de nós mesmos. Ali está o caminho, o segredo e a orientação. É uma carta complexa, de alquimia interior e exterior consequentemente. Vamos nos aproximar com cuidado e atenção desse bálsamo que começa a se formar dentro de nós e que trará, certamente, maiores acomodações no melhor sentido da palavra. É hora de receber esse conforto, de nutrí-lo. É momento de acessar algum sossego, capaz de aliviar as tensões vividas nos últimos tempos, e trazê-lo para fora, numa espécie de oferenda. A carta é clara, t
PREÇO DA CONSULTA MÉDICA* Prezado Cliente: Talvez você não esteja satisfeito com a qualidade de meu trabalho como médico. Admito também não estar gostando da maneira como venho realizando as consultas, e este é o motivo desta correspondência. Talvez juntos, possamos encontrar uma solução para este problema. Em virtude da baixa remuneração oferecida aos médicos pelos planos de saúde (consulta entre 30 e 60 reais), preciso atender um número excessivo de pacientes para dar conta de despesas tais como aluguel, secretária, telefone, livros, congressos, anuidades de conselhos regionais, impostos... Isto ocasiona um tempo médio de atendimento por paciente de 20 minutos, insuficiente para uma consulta de qualidade, por mais experiente que o médico seja. Estas consultas expressas geram insegurança, tanto do paciente quanto minha, pois torna-se impossível examinar e dar as orientações necessárias lutando contra o relógio. Além disto, se você quise
Quando silenciar é alienação*** Sábados pela manhã. Cafefil. Gente que tem a coragem de pensar e dizer o que vem de dentro, sem medo da crítica e das oposições epistemológicas. Como é bom filosofar e aprender a história da filosofia! Vicia e aquece nosso coração. A pergunta que não me calou esta semana: - Será que silenciar e falar no mesmo tom é sabedoria? Pensei, repensei e li vários autores sobre o silenciar. Eu mesmo publiquei no meu último trabalho: Meditações Filosóficas um texto sobre a importância do silenciar. Mas, agora, repenso nos cuidados que precisamos ter com este silenciar. Até que ponto não se passou a silenciar por medo da crítica? O silenciar não pode também conter uma repressão e medo da exposição? Quantas vezes não se silencia para disfarçar e mostrar uma sabedoria, que no fundo é falsa? Ou mesmo representar um papel de educado e fino, quando na verdade é uma máscara social para enganar os outros? Nem sempre o silenciar tem a riqueza que sabemos ser necess
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXVIII* Itinerário A que horas sai o trem para a saudade? Quero um lugar já nos primeiros bancos para chegar mais depressa ao que perdi, voltar aos sonhos da minha mocidade quando não tinha estes cabelos brancos e não pensava em sofrer o que sofri. Quero um lugar no trem que está partindo e que sai desta estação rumo ao passado em cima de infindáveis e invisíveis trilhos, onde quem hoje chora vai sorrindo, quem dorme para sempre está acordado e quem já é até avô não tinha filhos. Quero um lugar no trem antes que parta e eu não tenha outro modo de rever tanta coisa que ainda guardo na lembrança: uma foto amarelada, um lenço, a carta, o perfume que nunca mais pude esquecer e o lugar onde ficou minha esperança. Por favor, dê-me logo essa passagem, pois já escuto o sinal e até o apito que avisa a todos que é hora da partida. Eu não posso perder essa viagem, talvez a última que faço, ansioso e aflito, em
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXVII* Almas perfumadas* Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver. Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.
Rotas polares* “E percebo que não importa onde eu esteja, seja em um quartinho repleto de ideias ou nesse universo infinito de estrelas e montanhas, tudo está na minha mente. Não há necessidade de solidão. Por isso, ame a vida como ela é e não forme ideias preconcebidas de espécie alguma em sua mente" (Jack Kerouac) Na vida, às vezes, é preciso traçar caminhos que nos levem de um ponto a outro por rotas aparentemente mais longas e difíceis. São percursos instáveis, que se delineiam quase que como atalhos e que podem inadvertidamente invadir territórios desconhecidos, demonstrando ser amigáveis ou não. Na verdade, dificilmente há como prever o que quer que seja, ainda que exista busca. Mesmo acontecimentos próximos, presumíveis e consequentes são passíveis de mudanças na rota, de instabilidades temporais e de revezes de humor. Já as possibilidades são absolutamente infinitas e a vida, traiçoeiramente inconsequente. Então ocorre que as linhas temporais se sobrepõem a cada í
O Limite que Liberta* Livre é quem aprende a viver com sabedoria e maturidade diante das escolhas que a vida apresenta. Vivemos em uma sociedade que convida-nos ao pleno exercício da liberdade. Contudo, a vida exige que aprendamos a ser livres em meio a outros que conosco trilham caminhos singulares que se encontram nos plurais existenciais de nossas experiências humanas, sociais e culturais. Em busca de uma liberdade fantasiosa muitas atrocidades têm sido cometidas em nosso meio. Ser livre está longe de fazer o que se quer sem pensar nas consequências. A liberdade verdadeira nasce do profundo e sincero desejo de ser ponte e não abismo que aprisiona e fecha possibilidades de uma vida plena e feliz. Tudo aquilo que escraviza o ser humano torna-se prisão. Liberdade sem limites é uma triste maneira de estar preso sem saber. Muitos estão presos na liberdade que buscaram para si mesmos. Tornaram-se escravos de uma liberdade perigosa. Vivem sem limites pela vida. A minha liberdade term
Divagações filosóficas descontinuadas* À percepção aristotélica é predominante a visão. Sua Metafísica a confirma. Mas, o verdadeiro para Platão nem está no que vemos. Nós só vemos a cópia. O original está nas Ideias. Husserl resolve ir às coisas mesmas. Heidegger aparece e diz que a questão fundamental ficou no esquecimento. Mas, a questão só tem valor enquanto questão. O erro não foi esquecer a questão, foi achar que a solucionaram. É mesmo? Tomás de Aquino pensa que resolve: Deus é o Ser, ato puro. Um verdadeiro cristão aristotélico. E o que diriam os (neo)platônicos? Agostinho que o diga. Nessa briga surge um alemão de sobrenome Lovejoy e diz que a história da filosofia não passa de notas de rodapé de Platão e Aristóteles. Será que é isso mesmo? Bom mesmo é Nietzsche, que resolve fazer uma filosofia à marteladas. Kierkegaard vai angustiar-se diante do que a filosofia não abarca, a fé. Ele diz que é necessário um salto qualitativ
Floripa* Querido leitor, que você esteja bem. Hoje vamos refletir sobre a nossa capital, exatamente sobre o nome de Florianópolis. Como você, ouvinte atento, deve lembrar, recentemente falei, em um artigo intitulado “Entre a Montanha e o Mar”, a minha relação com a água, com o mar. Naquela oportunidade escrevi que só fui conhecer o oceano quando tinha oito anos, antes disso, ficava imaginando como seria o mar. Também falei da minha relação com a orla marítima, com a água salgada, com as ondas, os ventos, os pássaros. Falei sobre o balneário Rincão e sobre as praias de Florianópolis. Lembro-me que deixei subentendido que muita coisa me fisgava em Floripa, e as praias era uma delas, e de uma importância decisiva. Contudo, algo jamais gostei da nossa capital, se é que você me entende: não gosto e assumo, não gosto do nome. Florianópolis. Como sabemos, seu nome é da junção de duas palavras: pólis, que significa cidade, e Floriano, que vem de Floriano Peixoto, primeiro presidente da
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXVI* Jogos de sombras Sempre que me procuro não me encontro em mim, pois há pedaços do meu ser que andam dispersos nas sombras do jardim, nos silêncios da noite, nas músicas do mar, e sinto os olhos, sob as pálpebras, imersos nesta serena unção crepuscular que lhes prolonga o trágico tresnoite da vigília sem fim, abro meu coração, como um jardim, e desfolho a corola dos meus versos, faz-me lembrar a alma que esteve em mim, e que, um dia, perdi e vivo a procurar nos silêncios da noite, nas sombras do jardim, na música do mar... *Hermes Fontes 1888-1930
Queridos amigos, colegas, articulistas, No dia de hoje atingimos 1021 postagens neste blog que se propõe, em seus recentes dois anos de existência, oferecer espaços de convívio, reflexão, humanidade, estudos e desenvolvimento em Filosofia Clínica. Parabenizamos a todos os nossos articulistas, colaboradores, visitantes, críticos, pela inestimável contribuição para a qualificação da Filosofia Clínica em todos os espaços por onde se oferece, como um novo modelo de atenção e cuidados com a vida: hospitais, empresas, clínicas, escolas.. Em 2013 teremos novas parcerias de atuação profissional, estágios, pesquisas, colóquios, publicações e outras agradáveis surpresas. Nossa busca é seguir contando com o talento e a cumplicidade do grupo todo e venha quem mais vier, pois a Casa é nossa! Um abraço fraterno, Coordenação
A palavra mágica* “Vive a tua hora como se gravasses o teu nome na epiderme de um tronco novo. Mas não voltes mais tarde para junto dessa árvore, porque podes não reconhecer o teu nome nas cicatrizes das velhas letras.” Felippe D’Oliveira Sua tez de singularidade maldita refere uma simbologia em viés de encantamento. Na veemência discursiva compartilha uma fatia generosa de paraíso. O sagrado_profano esboça uma íntima convivência com a reciprocidade. Os significados apreciam aliar-se aos papéis existenciais de travessia. Assim o feitiço da palavra como medicamento aprecia as estruturas mutantes envolvidas na interseção. Ao sugerir a cidade das maravilhas, é possível um novo entendimento e relação com o universo interior. Sua fonte de inspiração, muitas vezes, se faz menção em dialetos de esquiva. A magia, um pouco antes de ser representação traduzível, aprecia transbordar nalguma forma de excesso. Uma fenomenologia em aroma
A arte e a vida...* Depois de profunda reflexão chego a conclusão que o que realmente liberta e traz sentido a vida é a expressão. Não importa de que modo isso ocorra. Pode ser por uma pintura, uma canção, uma dança, um poema, não importa. O mais importante é a expressão. Digo isso por viver na pele essa necessidade diária de expressar o mais profundo do meu coração. O que existe de mais belo na minha alma é o ato de expressar. Acredito que por mais que se busque, que por mais que se conheça as filosofias de grandes mestres, sem expressão não há solução! Tenho pensado em como seria mais salutar se nos hospitais os doentes fossem tratados somente com arte. Por que não? A filosofia clínica permite esse casamento e é por isso que sou grata de tê-la conhecido. Quando trabalhava como atriz o que mais me intrigava nas personagens eram os seus porquês existenciais e hoje eu entendo que os espetáculos nos quais trabalhei foram aqueles que poderiam fazer de fato as pessoas melhores em su
Temperamentos do Tempo* Outubro inicia com mudança de direção dos ventos, usa o calor pra se fazer anunciar. Algumas pessoas são mais sensoriais que outras e como os ventos mudam a direção com seus afetos, não sem antes superaquecer para depois vaporizar suas resistências. Nunca ninguém tentou medicar o tempo, será que não perceberam ainda que ele é quadripolar? Há Sim, o tempo pode! Esta aquém a qualquer tipologia. Na verdade, o tempo está aquém do nosso controle, inspirou e ainda inspira muitas reflexões filosóficas. A espécie humana não aceita as infinitas variações de personalidades em sua natureza, algumas delas são consideradas patológicas e por isso sujeitas a todo tipo de intervenção. Mas o tempo, não da para controlar, dá? Com a onda de comportamento sustentável, com expansão da Eco Visão, constata-se que a concentração da manipulação humana junto à natureza, já causou seus estragos e dia a dia nos coloca mais e mais refém dos humores extremos da natureza. Muito já
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXV* Pintura a óleo/tela por Cândido Portinari (1934) Discurso proferido num jantar de poetas (1929) Eu faria um poema se fosse cabível ele ser contado agora por Eugênia. Porque então o que não pode ser dito ficaria sensível e visual na voz de Eugênia que é revelação. Para serem ditas por mim as palavras têm de valer por si mesmas. E exprimindo o seu sentido próprio, não poderão denunciar viva e presente a essência de nosso encantamento pela arte de Eugênia. Arte de prestidigitação que escamoteia o mundo aparente para substituí-lo por inúmeros mundos da invenção dos poetas, mundos profusos conjugados em sistema solar pela atração de sua sensibilidade transfiguradora. Desse encantamento, permanente em nós todos, nenhum de nós saberá contar. Admiração. Gratidão. Êxtase. Alegria. É tudo junto. É encantamento. Encantamento de Aladim que pede à lâmpada mágica coisas maravilhosas e tem logo a maravilha. E a maravilha não é a que esperava, a que se
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXIV* Que é Simpatia Simpatia – é o sentimento Que nasce num só momento, Sincero, no coração; São dois olhares acesos Bem juntos, unidos, presos Numa mágica atração. Simpatia – são dois galhos Banhados de bons orvalhos Nas mangueiras do jardim; Bem longe às vezes nascidos, Mas que se juntam crescidos E que se abraçam por fim. São duas almas bem gêmeas Que riem no mesmo riso, Que choram nos mesmos ais; São vozes de dois amantes, Duas liras semelhantes, Ou dois poemas iguais. Simpatia – meu anjinho, É o canto de passarinho, É o doce aroma da flor; São nuvens dum céu d’agosto É o que m’inspira teu rosto… - Simpatia – é quase amor! *Casimiro de Abreu
Virtualidades* Porque as redes sociais nos atraem tanto? Porque postamos infinidades de textos e imagens? O que nos liga ao virtual? Porque nos tornamos dependentes de uma rede de amigos que não conhecemos? Porque “curtimos” postagens? Porque compartilhamos? Porque não guardamos em nosso coração o que foi postado ontem? Porque os laços de amizade nas redes sociais são frágeis e anônimos? Por quê? Por que... Por que. O mundo virtual chegou para ficar. O Orkut ficou para trás com a chegada do Facebook. Quem nunca esperávamos encontrar nas redes sociais chegam sem avisar. Alguns ainda relutam em se conectar. Outros estão conectados 24 horas. A vida particular tornou-se publica com os álbuns de fotos. Do sofá ao baile conhecemos o que alguém fez no final de semana ou nas férias. O desconhecido tornou-se conhecido. O anônimo tornou-se celebridade. O particular tornou-se universal. Porque postamos? Cada um irá dar uma resposta a esta questão. Postamos para não ficarmos de fora da mod
Que assim seja! Eterna Paz Como é bom adormecer Com a consciência tranquila As chuteiras penduradas Depois do dever cumprido Despertar num mundo livre E despoluído Onde tudo é só amor... (Martinho da Vila) O que quer que seja que te faz bem... que seja de todas as cores, formas e de todos os muitos sentidos de que pode transparecer. De todos os desejos... que sobressaia a Paz, ainda que em opostas vontades, sejam elas simples ou banais, extremas ou complexas, pois da oposição pode surgir o consenso ou a alternativa que faltava a persistentes expressões. Que seja ansiada em suas tantas cores e nuances, refletindo espectros de infinitos raios de gentileza e compaixão, buscada em suas crenças e partilhada por sentimentos que vão além da simplória compreensão cotidiana. Ampliada, através dos espaços e permeada em múltiplos tempos ou em cada tempo subjetivo, para que se possa conceber seu significado nos desejos entremeados de conexões sutis de entendimentos. Contemplada
Nietzsche: platonismo, cristianismo e amor fati* "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música" (F. W. Nietzsche). Há alguns que desconsideram Nietzsche como filósofo pelo fato deste criticar a filosofia. Mas, se há uma característica típica da filosofia, essa está em ela ser crítica de si mesma e constantemente se colocar em questão. Desse modo, Nietzsche é de fato filósofo quando filosoficamente põe em cheque a história do pensamento ocidental em sua base. A partir disso, qual é a crítica desse filósofo ao pensamento ocidental? Primeiramente precisamos ver como geralmente os manuais de filosofia – introduções, textos de história da filosofia, etc. – tratam o suposto avanço que o pensamento filosófico legou para o Ocidente. Em geral nos é apresentado uma passagem do Mito ao Logos, do discurso elucidado pela “fantasia” ao desenvolvido pela elaboração explicativa racional. Sócrates, até muito mais do que os que o
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXIII* Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconseqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei em burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado Deito na beira do rio Mando chamar a mãe-d'água Pra me contar as histórias Que no tempo de eu menino Rosa vinha me contar Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando d
Fases* Estive escondida dentro de mim Vi e percebi muitas coisas, algumas boas e outras medonhas... Fiz uma enorme faxina existencial Sinto-me leve novamente, vibrante e feliz. Sim! Sou otimista demais! Não posso negar minha natureza, sinto a pureza das crianças, o barulho das gargalhadas descompromissadas... Sinto, sinto e sinto muito por incomodar por meu sentir demais. Exagerada no sentir, intensa no viver, colorida ao me expressar Pequena na estatura mas enorme nos atos. Quanto aos anseios me acalmo mais O tempo de vivência traz muita tranquilidade! Não sei certo o quanto mudei, porém, sei que muito se transformou aqui dentro do peito! Morri e renasci várias vezes em pouco tempo... Descobri que a coragem é mais sábia do que o medo, ouso me arriscar para ser quem sou! Correta, coerente? Não sei responder... Sigo em paz! A verdade é minha saga, que se inicie por mim, então. *Vanessa Ribeiro Filósofa, matemática, atriz, dançarina, estudante de filosofia clí
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXII* Fazer 30 anos QUATRO pessoas, num mesmo dia, me dizem que vão fazer 30 anos. E me anunciam isto com uma certa gravidade. Nenhuma está dizendo: vou tomar um sorvete na esquina, ou: vou ali comprar um jornal. Na verdade estão proclamando: vou fazer 30 anos e, por favor, prestem atenção, quero cumplicidade, porque estou no limiar de alguma coisa grave. Antes dos 30 as coisas são diferentes. Claro que há algumas datas significativas, mas fazer 7, 14, 18 ou 21 é ir numa escalada montanha acima, enquanto fazer 30 anos é chegar no primeiro grande patamar de onde se pode mais agudamente descortinar. Fazer 40, 50 ou 60 é um outro ritual, uma outra crônica, e um dia eu chego lá. Mas fazer 30 anos é mais que um rito de passagem, é um rito de iniciação, um ato realmente inaugural. Talvez haja quem faça 30 anos aos 25, outros aos 45, e alguns, nunca. Sei que tem gente que não fará jamais 30 anos. Não há como obrigá-los. Não sabem o que perdem os qu

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