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A arte e a vida...*

Depois de profunda reflexão chego a conclusão que o que realmente liberta e traz sentido a vida é a expressão. Não importa de que modo isso ocorra. Pode ser por uma pintura, uma canção, uma dança, um poema, não importa. O mais importante é a expressão.
Digo isso por viver na pele essa necessidade diária de expressar o mais profundo do meu coração. O que existe de mais belo na minha alma é o ato de expressar. Acredito que por mais que se busque, que por mais que se conheça as filosofias de grandes mestres, sem expressão não há solução!

Tenho pensado em como seria mais salutar se nos hospitais os doentes fossem tratados somente com arte. Por que não? A filosofia clínica permite esse casamento e é por isso que sou grata de tê-la conhecido.

Quando trabalhava como atriz o que mais me intrigava nas personagens eram os seus porquês existenciais e hoje eu entendo que os espetáculos nos quais trabalhei foram aqueles que poderiam fazer de fato as pessoas melhores em suas almas. Eu ficava muito feliz quando alguém chegava para me cumprimentar e dizia: " Você me emocionou menina".

Nada traduz o sentimento de um ator depois de receber uma confissão dessas! Eu sentia uma espécie de contentamento e dever cumprido. Muitas vezes eu percebia que em cenas densas muitos se retiravam do teatro e eu amava essa rejeição por aquela personagem que estava vivendo, eu percebia que o incomodo também poderia ser uma espécie de catarse, de protesto! Por que não?

Agora que estou de volta aos palcos assumindo um outro papel, o de dançarina, percebo que a emoção é igual. Os movimentos tomam formas e expressam emoção, os aplausos mais estéricos, mais vivos, tenho a sensação de que a platéia dança conosco. É como se todos fossemos um!

Não há estranhamento, vibramos na mesma sintonia, as cores se tornam mais vibrantes, os sentimentos escorrem por todos os poros suados das coreografias trabalhadas minuciosamente, é uma explosão de sentimentos misturados de alegria, de morte, de vida, de orgasmo compartilhado sem culpa nem repressão!
A cura acontece, então! E eu sou só gratidão.

*Vanessa Ribeiro
Filósofa, matemática, atriz, dançarina, estudante de filosofia clínica
Petrópolis/RJ

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