Pular para o conteúdo principal
Fragmentos filosóficos delirantes XCXXXIX*




PALAVRAS EM FORMA DE REDEMOINHO




Abro a janela
que dá
pra nenhuma parte
A janela
que se abre para dentro

O vento
levanta
instantâneas levíssimas
torres de poeira giratória

São
mais altas que esta casa
Cabem
nesta folha

Caem e se levantam
Antes que digam
algo
ao dobrar a folha
se dispersam

Torvelinhos de ecos
aspirados inspirados
por seu próprio girar

Agora
abrem-se noutro espaço

Dizem
não o que dizemos
outra coisa sempre outra
a mesma coisa sempre

Palavras do poema
não as dizemos nunca
O poema nos diz

Octavio Paz
1914 - 1998

Comentários

Visitas