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Certezas...*

Já sei que realmente nada sei aqui nessa estranha terra.
Descobri que o ser humano mais possível pode se tornar um ser improvável do dia para a noite!
De repente, me olho no espelho e com muitas certezas, me estranho!
Tento decifrar-me a todo momento, sinto de que matéria-prima sou feita, vou tateando-me vagarosamente e aí...
Susto! De não saber direito quem é essa que se reflete.
Será que é uma estrangeira? Será que é uma habitante de outras terras menos errantes? Não sei não!
Olho pro lado e encontro um outro alguém,
viajo, penso se durmo ou se desperta estou...
Olho novamente...
Então, eis que de uma hora para outra sinto-me diferente, meio contente, meio nada, e muitas vezes meio tudo.
Saio para caminhar no jardim, sinto o vento soprar dentre meus longos cabelos, bocejo com vontade de engolir o mundo, uma, duas, três vezes.
A razão não me deixa flutuar.
Tento buscar na memória a sensação de anestesia. Lembro-me dos beijos e dos abraços arrepiados e amados, lembro-me da expressão do meu olhar, lembro-me do cheiro, lembro-me de tudo, entretanto a anestesia ficou lá, naquele momento.
Só lamento;
dor forte no centro do peito.
Nada pode curar esse agora tão real.
Penso em fazer uma prece para os orixás, mas desanimo em seguida seguindo a preguiça de aqui estar.
Que sensação estranha...
Queria poder sonhar!
Olho pela janela e percebo o céu em sua grande imensidão, estrelas a cintilar, por ela vem um alívio repentino e lembro-me daquela moça do espelho!
Aquela que eu estava a estranhar.
Descubro que dentro dela há muito o que se encontrar; castelos feitos de areia do mar, pois, ela é filha de Yemanjá. Nuvens cheias de fadas, visto que ela ama a magia. Cavernas secretas enfeitadas só de poesias... E um amor para amar!
As certezas de nada saber estão mais intensas ainda, mas isso já nem importa. A vida é mais, muito mais. A vida é alegria e o seu contrário! Ás vezes é pura ironia, porém é essa a tal vida.
Não fui eu quem a inventou. Suspeito de um grande "SER", mas, de certo, nem isso posso saber.

Vanessa Ribeiro
Matemática, filósofa, atriz, dançarina, estudante de filosofia clínica
Petrópolis/RJ

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