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Escrituras, desleituras, releituras II*

" Enquanto detivermos os olhos nos países de cultura mais avançada e adotarmos critérios de beleza em moda neles para adaptá-los aos nossos, nossa arte será um pueril arremedo, sem força para subsistir mais que o período de duração dessa moda"

"(...) a literatura no Brasil é mero diletantismo, a que só por irresistível pendor natural se entregam sonhadores, os quais mais naturalmente propendem para o verso, propício aos sonhos e fantasias, que para a prosa, mais amiga das realidades"

"(...) e fez da sua vida a sua grande obra d´arte"

" (...) mas para eu te dar a minha atenção e o meu apoio é necessário que me dês tu´alma inteira transubstanciada em obras de vulto como as quero. Constrói-me com isso, por exemplo, o romance de São Paulo, o romance das ruas que esfervilham burburinhantes, como caudal de sonhos, ambições, vaidades, sofrimentos, a defluir para o sorvedouro do grande Nada.."

"Que chamamos nós um poeta ? A criatura que possui um mundo interior e que consegue fazê-lo entrever por meio de imagens tomadas ao mundo externo. Sem possuir o seu mundo interior de sonhos e de beleza poderá fazer versos, lindos versos, poemas, sonetos, éclogas, odes, o que for, mas não será poeta"

"Não tiremos ao leitor o gosto do imprevisto. Não procuremos fixar em logicismos claros, analíticos, o que é de essência sonho e beleza. Leiam-no, os que não se contentam com o prosaísmo da vida e adoram os revoos pelos mundos interiores. Os outros, deixem-no em paz"

"Queixam-se de que não temos literatura. Queixam-se de que o pouco que temos não é conhecido nem estimado como deveria ser. E as razões são óbvias. Não temos tido editores que ponham os livros ao alcance do povo, em edições baratas, isto é, de preço razoável e justo"

"O prazer mental, porém, perfuma-nos o cérebro, irisa-o, e reconcilia-nos com a vida. Ora, é Machado de Assis o maior mestre que temos na arte sutilíssima de nos proporcionar ao espírito este prazer dos deuses. Lê-lo é arejarmos o cérebro, como se abríssemos uma janela para um jardim de Armida"

*Monteiro Lobato
1882-1948

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