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Nos braços de um anjo*



Era de sexo também. Mas não era só de sexo. Era com sexo. E sexo dos bons, é claro. Não era só de sexo que eu falava. Mas era para sentir uma coisa que justificasse aquele sexo bom.

Era para encaixar. E encaixou. E?

E aí o medo tomou conta de tudo e mais um casal se perdeu em meio às regras que brotam de todo lugar e impedem o ser humano de amar.

Conheci poucas pessoas que não sentiam medo de amar. Medo de amar... Ha ha ha!

Conheci poucas pessoas que arriscavam tudo pela delícia de sentir tudo, muito além do que o corpo pode registrar.

Conheci poucas pessoas capazes de esquecer o amanhã para se entregar ao amanhã de corpo e alma. É isso mesmo. E só tem um jeito de se chegar ao amanhã com plenitude e com aquele "tum tum tum" gostoso no peito. É esquecendo que ele existe.

Viver é uma arte que poucos sabem realizar. Viver é uma arte.

Amar é outra, que é para poucos.

Descobrir que encaixou e seguir em frente é para raríssimos. E o tal do medo?

Então a gente fica só com o sexo? Também não é para qualquer um!

É isso gente. As singularidades. Cada um é um. Cada um tem uma necessidade, ou muitas.

Só sexo! Ainda assim é muito bom, mas não é para qualquer um. Assim como amar não é para qualquer um.

Agora, fazer sexo amando é de morrer e não querer voltar. E também não é para qualquer um.

Tem que ter o peito aberto, ser livre e... Sei lá! Ser leve, talvez. Não pensar no amanhã. Não pensar no que passou. Não pensar em nada. Viver o agora... Sentir cada vibração, cada pulsação. Sentir o calor, calma e lentamente. Aquela coisa que encaixou, lembra? Naquela hora em que você não pensou no trabalho, no cachorro, nos filhos, no carro, na celulite... Nos seus medos. O momento da verdade em suas mentiras. Aquela coisa que bate lá dentro e que você despreza só para culpar Deus ou a sua vida, por não ser feliz no amor.

Mas não é tão fácil assim, eu sei. A tal da singularidade, cada um é de um jeito. Respeito.

Mas quem quiser aproveitar a receita, digo que tem gente por aí se lambuzando de sexo da melhor qualidade e... Com a alma nas alturas! Com um sorriso constante nos lábios. Com uma luzinha vermelha brilhando no peito. Como um segredo menino que quer pular para fora da gente e gritar que é feliz.

Uau!

As alegrias do amor são sempre proporcionais ao medo de as perdermos.
Stendhal

*Jussara Hadadd
Terapeuta sexual, filósofa clínica
Juiz de Fora/MG

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