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O Poema, ou O Nada, ou O Ser*



Nada. Página em branco.
É isso que isso é!
E é isso que isso não é.

Um poema sobre nada, coisa alguma,
Coisa nenhuma, ou coisa nem uma
Talvez mais, talvez menos,
Maior ou menor grau de abstração.

Não faz sentido...
Faz sentido!
Sem sentido algum, sem sentido nem um
Talvez muitos ou talvez nenhum.

Pensado, desejado, falado, fitado
Amargurado...!
Porque não se consegue nada
E sobre nada é isso aqui

Mas já têm algo
Aqueles que leem, ou que ouvem
Ou que falam, ou que fitam.
Folha branca esperando receber.

Receber o que? O quê!
Receber aquilo que se vai tornar palatável.
Frouxo.
Porque não é algo preso,

Mas será preso. Será preso?
Pode ser que passe adiante
Ou adiante o que não se pode passar.
Deixe estar. Deixe viver. Deixe ser!

Olhe. Contemple. Sinta.
Viva!

E isso é sobre isso:
O poder do branco ou do negro;
Do caráter de folha no nada
Ou a folha do nada,

O papel do papel de página vazia.
Vazia?
Cheia!
Mas cheia, repleta? De que?
Daquilo que quisermos...!

Do horizonte infinito
Que pode ser finito
Para aquele que só lê,
Mas para aquele que fita, deseja, pensa, fala

Passa a frente, a sua frente
E passa a frente, adiante.
Enxerga, contempla, sente, vive.
E o nada deixa de ser o que é

Mas volta desde o começo
Para continuar a ser o que sabe ser:
Ser!
Pois que nada é ser:

Desejado, fitado, amargurado, e horizonte.
História sem fim do finito e da finitude.
E é isso que isso é:
Poema!

*Vinícius Fontes
Filósofo, estudante de filosofia clínica
Rio de Janeiro/RJ

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