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Sobre a solidão*



Se eu perguntar o que é solidão, o que você me responderá? Talvez que solidão é se retrair em seu quarto, se afastar de pessoas, coisas, lugares, ocasiões. Ou que solidão é sentir-se sozinho ou sozinha, mesmo que em meio de um tumulto de gente. Quem sabe, ainda, que nunca se percebeu em um estado assim. Enfim, são tantas as possibilidades de resposta, visto que não existe uma definição universal para este fenômeno.

Nos dicionários encontramos como sinônimo de afastamento, distanciamento, isolamento. Isso, além de outros aspectos sociais, é indicativo que, em nossa época, a solidão é vista com maus olhos.
Se a solidão for, de fato, algo doloroso para a pessoa, ela deve receber atenção adequada no sentido de tentar alterar o que está se passando. Mas se for verificado que a solidão é apenas um indicativo do modo de ser da pessoa, ou de um determinado papel existencial dela, não temos que tentar mudar isso. Pode ocorrer, ainda, que o peso da solidão no todo da pessoa não tenho relevância alguma em relação a tudo mais que ela vivencia em sua trajetória existencial.

A contextualização dos fenômenos na historicidade da pessoa costuma ser de suma importância para que alguns comportamentos não sejam tomados a partir do que socialmente entende-se por eles. Como cada pessoa possui uma estrutura singular de representar o mundo, é esta que deve ser levada em consideração e não o que é consenso social ou verdade subjetiva de quem está em interseção com ela.

Retorno, então, a questão inicial: o que é solidão para você? Olhe para a tua história de vida e provavelmente você identificará alguma coisa a respeito. Talvez tenha episódios em que a solidão doeu, machucou. Ou talvez verificará que nem sempre a solidão foi algo negativo ou contraproducente.

Às vezes a solidão pode ter sido aquilo que fez você tomar fôlego para dar início ou continuidade a algum projeto, talvez abrir mão de outros caminhos, ponderar algumas coisas por outros pontos de vista, ou fez parte de uma determinada profissão que você exercia e que lhe cobrava isso. Enfim, para cada pessoa isso se dá de formas singulares, ainda que parecidas, nunca idênticas.

“Sentir solidão não é estar só, é estar vazio”.
Sêneca

Abraço de paz.

*Everton Corso
Filósofo Clínico
Chapecó/SC

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