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Pretéritos imperfeitos*



“A experiência trivial do dia-a-dia sempre nos confirma alguma antiga profecia (...)”
Ralph Waldo Emerson

Existem eventos que possuem um começo sem fim. Perseguem uma in_de_termin_ação futura na travessia pelas antigas pontes. Neles é possível vislumbrar uma sombra suspeita, como algo mais a perturbar a lógica bem ajustada das convicções. Assim a grafia parece se orientar por um ontem a perdurar.

Atitude rarefeita de olhares a perseguir buscas contaminadas. Esse contágio parece querer singularizar a pluralidade de cada um. Apreciam a menção de fatos acontecidos no prolongamento do instante. Aparecem como atuação simultânea de um em outro, seu paradoxo dilui-se numa dialética de integração.

Uma de suas características é realçar fatos no momento em que ocorriam. Essa incerteza quanto ao amanhã, parece coincidir com o desfecho provisório de seu inacabamento.

Nessa terra de ninguém uma infindável trama de acontecimentos se refugia. Parece com algo que não se deixa esquecer, quiçá ocasião para a expressividade integrar-se num tempo passado com os rastros do hoje depoimento. Aí se tem uma dessas fontes de matéria-prima à farmácia do terapeuta artesão.

Um peregrino caminha pelo deserto recheado de jardins imaginários. Desvãos de uma procura por algo desconhecido. Através dele as antigas verdades revigoram sua epistemologia em novos jogos de linguagem.

Para situar alguma aproximação discursiva com a lógica dessas itinerâncias, surge a reivindicação de um sujeito incomum, com aptidão para a sintonia dos enredos discursivos da anterioridade a insinuar posteridades. Um desses veículos por onde o signo faz referência ao passado descontinuar-se. Uma de suas características é ser estética para acolher a novidade escritura.

A ideia de uma relação inconclusa revigora a possibilidade de perseguir um espaço-tempo, por onde o presente acolhe o que já se foi nalguma forma de reescrita. Esse movimento existencial desdobra-se no autor da própria história, ainda quando não tenha clareza da própria estrutura narrativa. As formas pretéritas imperfeitas apreciam qualificar desconstruções pessoais por estes rastros de um passando.

*Hélio Strassburger

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