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Mito e Filosofia*



Toda civilização possui seus mitos. Mitos, em suma, são modos encontrados nas sociedades primitivas (termo sem sentido pejorativo) para dar conta de uma série de questões suscitadas pelos homens acerca da vida, da natureza e de si.

O mito é compreendido em dois aspectos: mito-verdade e mito-fábula. Este diz respeito a estórias que nada mais visam do que expor um conto fantástico acerca de qualquer coisa sem compromisso com uma verdade nem mesmo por quem conta. Já o mito-verdade busca expor o sentido de uma determinada questão da realidade tendo em vista uma verdade, expondo-a a partir de um conto fantasioso.

Os mitos cumprem basicamente três funções: religiosa, social e filosófica. Em outras palavras, a partir do mito (1) se fundamenta sentidos transcendentes para as coisas, (2) une-se um grupo em torno de um sentido comum e (3) busca-se compreender a realidade questionada.

Na Grécia, com a filosofia, o mito passou a ser questionado há vinte e cinco séculos. A filosofia surge como tentativa de pensar as coisas a partir puramente do logos, da razão. Com isso, a história da filosofia Ocidental, por séculos, caminhou numa oposição entre o mito e o logos. Mas, desde o fim do século XIX, pensadores como Eliade, Freud, Heidegger, Lévi-Strauss e Bultmann, em suas áreas de atuação deram grande valor ao mito. Segundo eles, de modo geral, há uma tentativa de explicar a realidade que talvez tenha até passado despercebido por outros âmbitos. Para esses pensadores, há um valor a ser reconhecido no modo mitológico de interpretar o mundo e que não deve ser desprezado.

Mesmo com a supramencionada ressalva, a filosofia surge em vista de – baseando-se no âmbito lógico, rigorosamente racional e teórico – explicar a realidade. O que diferencia a tentativa filosófica da científica, nascida na modernidade, é que enquanto esta se baseia em dados pontuais, fragmentários, para compreender a realidade, a filosofia busca, na maioria dos casos, explicar o todo da realidade.

Note que a princípio, toda afirmação é generalizada – às vezes excessivamente. Mas, devido ao fato de ser um resumo de um texto-base em si conciso – não sem um ar crítico, que à frente será mais evidenciado – as afirmações de cunho generalista serão, com o passar das exposições, destrinchados e a reflexão melhor compreendida.

*Miguel Angelo Caruzo
Filósofo, Filósofo Clínico
Juiz de Fora/MG

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