“Somos feitos da mesma
matéria que nossos sonhos"
(William Shakespeare)
Estamos todos
essencialmente conectados... com a vida, a morte e tudo o que compreende o
espaço entre estes dois instantes. Os universos multisingulares se misturam e
se interpenetram como amantes que se deixam levar por seus desejos sublimes.
Não há frente ou verso,
em cima ou em baixo, dentro ou fora... há apenas o que foi determinado para o
momento, como se tudo pudesse coexistir, espacial e temporalmente. Como se tudo
fosse uma coisa só e apenas a percepção do instante fizesse sentido e
conferisse significado.
Conexões... mas também
cogitei dar o nome a este texto de ‘Francisco’. Apenas porque nestes dias em
que estivemos imersos na frequência que vibrou pelas ruas, numa colorida babel
que determinou um novo ritmo e que conduziu multidões, percebi que houve de
fato conexões em andamento. O maestro que conduziu a orquestra, o
encantadoramente louco Papa Francisco, demonstrou que conexão é algo que
entende e promove. Ele violou regras, passou por cima de protocolos e foi até
inconsequente, mas entrou de peito e coração abertos, como o de Assis e o
Xavier. Mas foi demasiadamente humano ao estender as mãos.
Francisco deixou claras
suas convicções próprias, no que representa e no que acredita, mas também
demonstrou respeito às diferenças e diversidades. Soube dizer o que sente e
exprimir o que pensa, com firmeza e doçura, bem como fazer valer simplicidade e
coerência. Soube ousar e pedir por uma revolução pela qual ansiamos,
despertamos e protestamos, mas de forma carinhosa, quase como se fosse um
abraço amigo.
Faz parte de nossa condição lutar e desbravar; foi assim que alcançamos a orgulhosa supremacia racional da qual costumamos nos orgulhar. Subimos o cume da montanha apenas porque não nos conformamos; porque não nos deixamos afundar na apatia de quem espera pelo vento e teimosamente corremos a abraçar tempestades. Foi em uma destas turbulências que encontramos o outro e então percebemos o quanto estamos conectados e o quão profundamente pertencemos à mesma mandala que circunda a raça.
Faz parte de nossa condição lutar e desbravar; foi assim que alcançamos a orgulhosa supremacia racional da qual costumamos nos orgulhar. Subimos o cume da montanha apenas porque não nos conformamos; porque não nos deixamos afundar na apatia de quem espera pelo vento e teimosamente corremos a abraçar tempestades. Foi em uma destas turbulências que encontramos o outro e então percebemos o quanto estamos conectados e o quão profundamente pertencemos à mesma mandala que circunda a raça.
Porque somos gente,
admiramos, aplaudimos, reverenciamos, criticamos, apontamos, colocamos o dedo
nas feridas e acolhemos. Somos todos, afinal, farinha do mesmo saco. Somos
gente que acerta, que erra, que desvia, que mergulha, que voa, que sonha...
Defendemos o que acreditamos: pontos de vistas, perspectivas existenciais,
tribos, times, partidos... defendemos até dilemas, dores e controvérsias. E
permanecemos conectados aos nossos sonhos, dos quais extraímos matéria prima
para novos dias, novas viagens, novas loucuras. Assim caminha a humanidade.
Os paradoxos
existenciais determinam que, ainda que nossas digitais – tão singulares como
estrelas a brilhar no céu – atestem que somos únicos, o fato é que somos iguais
perante a eternidade. Nascemos nus e ao pó ou às cinzas voltaremos; corre
sangue na veia de cada um que se considera da espécie, embora existam tantas e
diferentes culturas e modos de ver o mundo, de crer, de comer, de vazar
emoções. Mesmo isso talvez não importe tanto, não somos melhores ou piores que
ninguém.
Oportunidades, valores e outras condições é que distinguem aqueles que se alimentam de pompa e circunstância dos que vislumbram apenas esperanças. E que fique claro como Francisco que não estamos aqui falando de religiosidade e sim de conectividade, pois religiosos nem sempre creem, filósofos nem sempre pensam, poetas nem sempre amam e muitos que respiram nem sempre estão vivos. Mas... todos seguem o rio.
Oportunidades, valores e outras condições é que distinguem aqueles que se alimentam de pompa e circunstância dos que vislumbram apenas esperanças. E que fique claro como Francisco que não estamos aqui falando de religiosidade e sim de conectividade, pois religiosos nem sempre creem, filósofos nem sempre pensam, poetas nem sempre amam e muitos que respiram nem sempre estão vivos. Mas... todos seguem o rio.
*Luana Tavares
Filósofa. Filósofa Clínica
Niterói/RJ
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