Falando em amém,
ninguém comenta sobre isso mas conheço pessoas que tem envolvimento erótico
pelo puro,casto e divino, não posso imaginar coisa mais sacana,concebe o
sujeito tendo uma ereção por associar a imagem da companheira com a de uma
santa? Bem se existe a santa gula, ela
tem muitas caras e dentro de alguma logica , é esta entre muitas, uma forma ou
uma "sacanagem" que pode atingir o proposito de fomentar por
idealização e manter o desejo mesmo que por vias estranhas,dai não cabe fazermos
juízos de valor, o problema é quando uma
das pessoas em questão, incorpora o negocio e fica sujeita e refém ao
fantástico e a realidades paralelas,ou seja ela percebe aos poucos, que dela
ser rea,l não emana a atração do outro e sim, daquilo que ambos assinam como
ideal. Qual o problema? Nem um, até que a pessoa bate no seu consultório, toda
machucada ,e de machucados que não são visíveis, nem pra ela mesma, mas
intuitivamente a levam a buscar ajuda, afinal entre o que ela é e o que ela
deseja ser, ha uma entre muitas realidades, a da própria cópula.
Vale pensar, na questão
da posse, pois se por um lado, a cultura favoreceu até aqui as uniões sagradas
em matrimonio, a realidade social da contemporaneidade não da espaço para
relacionamentos míticos e irreais Haja terapia para quem é sugado para vida
real e chamado para comparecer existencialmente, ou seja , a nova ordem é para
que as pessoas existam e se movimentem. Não é incomum mulheres que tem que se
manter santificadas, para a baba de seus parceiros, desenvolvam com o passar do
tempo, algumas doenças graves justamente nos lugares que mais tem que ignorar a
sua natureza corporal. Você pode se
perguntar, se isso ainda existe? Existe e muito mais do que se imagina,
principalmente no nosso pais com essa cultura vinda das catedrais e oratórios.
A humanidade esta em
evolução, por mais que seja lenta ela já suporta relações mais sutis e suaves,
sem tanto juízo ou julgo interpessoal e sem tanta fatalidade em relação ao
certo errado, porque muito alem de tudo isso, são as relações possíveis que prevalecem.
Claro que a
singularidade, tem que sempre ser levada em consideração, mas não da pra
ignorar os códigos de valores comuns que fundaram nossa geração, mesmo quando
andamos as avessas ainda estamos a serviço deles, mas a noticia boa, é que
quando alguns de nós, se ocupam em elaborar essas idiossincrasias, nesse
movimento se permite mesmo que rapidamente, a nova geração, outras
possibilidades que não impliquem tanto a liberdade, mas sim a felicidade.
Como diz em uma de suas
palestras sobre a fragilidade entre amor e sexo o psicanalista Flavio Gikovate,
ao responder uma das perguntas, que se "abram as portas para o
futuro", para que possamos ter relações mais reais, que aconteçam antes de
mais nada entre amigos, entre pessoas parecidas e menos a serviço da cegueira
da natureza, que não parece se importar
com a qualidade e sim com a rápida chegada a seu alvo procriativo. Serão
relações repletas de humanidade, que reconhecerão o outro nele mesmo e separado
da zona de possessão, e nele mesmo, fará a dança mais rica do amor ,sobre,
entre e com o desejo.
Ha muita fragilidade
ainda nesta fronteira tautológica, entre o amor e o sexo, talvez ela não exista
de fato, mas se existir, pode estar muito mais ligada a distorções na direção
das pulsões, aos limites físicos e emocionais, incutida por uma cultura que
ainda não sabe que ja morreu, e nada mais faz do que andar fantasmagórica na
mente do humano, sujeito de sua historia ,sujeito das tatuagens culturais,
surgidas antes mesmo que ele possa fazer qualquer escolha.
A drogadicção e o abuso de álcool também passa por uma
tentativa desastrosa de amortecer a força fragmentaria deste torpor, causado
pela velha escola existencial, que não
leva em consideração aspectos básicos que se situam entre a vontade e a possibilidade,
a velha navalha que separa o corpo do coração, que quer distinguir entre a
inspiração e o ato, que se cega para coisa toda como extensão da própria
possibilidade de existir.
Espero que esta
dualidade um dia, mesmo que tardiamente, seja vista como primitivismo emocional
em função da chibata moral e que o ser
humano possa se saber em seu todo, que possa lidar mais com seus limites, seus
opostos, suas contradições e ter mais coerência com aquilo que compõe seu todo
existencial .
(texto reeditado)
*Alba Regina Bonotto
Psicóloga, Filósofa Clínica
Curitiba/PR
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