"(...) Nesta trajetória, em parte minha, em parte de minhas ficções - já escritas ou ainda nem definidas - ficou-me a certeza de que o bem supremo não é a vida mas uma vida digna; o bem maior não é o amor mas um amor que dê alegria e paz - e que, mesmo se terminar, continuará nos aquecendo na memória.
E que há sempre, em
algum lugar talvez inesperado, a possibilidade de música e vôo. Não há fase da
vida para ser paciente e virtuoso; não há idade para ser belo, amoroso e
sensual.
De todos os meus
livros, este é especialmente uma série de reflexões, em prosa e em poesia,
sobre os medos e alegrias, ganhos e perdas que nos traz o amor em suas várias
formas. Ele nos faz melhores se tiver sido bom; nos ajuda a aceitar a
transformação se tiver sido terno; nos ensina a respeitar a liberdade se tiver
sido sagrado.
E se for tudo isso, certamente será um amor demorado, um amor
delicado, um digno amor: mesmo doente vestirá seu traje de baile para não
perturbar a calma de quem é amado; mesmo solitário porá a máscara da festa para
não inquietar quem precisa partir.
Não sei se fui capaz
dele ou se o mereci, mas esse amor - cuja duração nem sempre importa - vale
muitas vidas e não nos pertence. Foi colocado em nós como um aroma num frasco,
guiado por outra mão que não a do mero acaso. Tem em si uma luz que a
maturidade torna mais vibrante e espalhada - e, apesar das dores, muito mais
enternecida."
*Lya Luft
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