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Significados*


Queridos leitores, que vocês estejam em paz. 

Edmund Husserl, filósofo alemão e fundador da fenomenologia, por intermédio da observação tentou explicar os mitos, os símbolos e os rituais religiosos. Com seus estudos denominados Fenomenologia da Religião, ele conseguiu, em minha opinião, captar, mais do que qualquer outro filósofo, o lado único das experiências religiosas.

Husserl procurou compreender as religiões do ponto de vista do crente e, principalmente, o valor dessas crenças na vida dos religiosos. O que mais gosto de Edmund Husserl é que ele conseguiu escrever sem juízo de valor. 

Dito isso, vou tentar trazer alguns exemplos dessa fenomenologia religiosa para o nosso cotidiano.

Precisamente na montanha do Caravaggio, município de Nova Veneza, onde me criei, há uma bica d’água. Antigamente os agricultores usavam essa água para lavar suas ferramentas e se banhar depois de um dia de trabalho forçado. Anos atrás, uma estrada serpenteou aquele morro e descobriram a tal bica d’água e agora é a passagem para os religiosos que, com suas crenças, vão até o Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio. A água corrente passou a ser parada quase que obrigatória e um convite para saciar a sede.

O atento proprietário do terreno levantou no local uma gruta de pedra e colocou uma imagem da Santa. Como num toque de mágica, a água passou a ser benta e a curar, a fazer milagres. O que a deixou milagrosa de uma hora para outra se não pelo significado dado pelos religiosos que por ali passam? Podemos dizer então que ela passou a ter significado porque aqueles crentes deram significado a ela.

A flor pode ser uma confissão de amor se ofertada a um enamorado ou pode ter um significado de saudade se posta sobre uma sepultura. Um par de alianças pode significar casamento ou apenas algumas gramas de ouro nas mãos de um comerciante.

Quando um artista pinta uma tela, ele está colocando o seu significado àquela pintura. Outra pessoa que não conhece a história da obra pode dar outra representação significativa, dependendo do acervo agendado no seu intelecto.

Quando alguém estiver falando de algo, pode ser de mitos e símbolos, para ele isso pode ser sagrado e não cabe a nós julgar se é verdade ou mentira, se é bom ou ruim.

A meu ver, por ora, avalio que se é santo para as pessoas, não cabe a nós profaná-lo.

Lembrando que isso é assim para mim hoje.

*Beto Colombo
Empresário, filósofo clínico, coordenador da Filosofia Clínica na UNESC
Criciúma/SC

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