Pular para o conteúdo principal

Nós somos Donos do nosso Corpo?*










Querido leitor, que você esteja bem. A sagrada escritura nos diz que o corpo é a morada do Espírito Santo e, por isso, é sagrado, não pode ser maculado. Para algumas pessoas é isso mesmo: o corpo é sagrado, é o lar da alma. Já para outros, nem tanto. 

Drogam-se, não se exercitam, definham a cada dia sem dar uma chance para o dito desejado equilíbrio entre mente, corpo e espírito como pregam alguns sábios. Nunca é demais lembrar que para cada um é de um jeito.

De chofre me vem a mente Tita Fernandes, um colega de infância que fazia parte do Catarinense, nosso time de futebol do Rio Maina. Em um jogo ele foi literalmente massacrado no campo, recebendo bordoadas, chutes e até socos. Saiu abraçado com seus opositores dizendo que futebol é isso mesmo.

A surpresa, para mim, foi que ele só ficou possesso quando um dos seus colegas colocou o pé no estribo do seu fusca ano 1963, totalmente recuperado, que reluzia ao sol. Causar lesões em seu corpo até vai, mas descansar o pé sujo no estribo da relíquia, isso não. O carro, neste caso, não é uma extensão de seu corpo? O automóvel, aqui, não recebe mais atenção?

Refletindo um pouco mais sobre o corpo, lembro de quando fiz o Caminho da Ilha que mesmo após os treinos senti muito desconforto com a mochila, principalmente nos primeiros dias, na primeira semana. Teve um tempo que ela já estava mais familiar e lá pelo meio da caminhada não sentia mais nada nas costas, já fazia parte de mim, já fazia parte do meu corpo.

Trago um conhecido que teve que amputar as duas pernas, primeiro a direita e uns anos mais tarde a esquerda. Ambas foram cortadas na região próxima à virilha. Lembro que ele reclamava muito de dores nos pés. Embora retirados, os membros inferiores ainda faziam parte dele. Mas afinal de contas, onde está o nosso corpo? Até onde ele vai?

O filósofo e economista inglês John Stuart Mill, defensor do utilitarismo, um dos pensadores liberais mais influentes do século XIX comentou: “O indivíduo é soberano sobre o seu próprio corpo e mente”. Corri os olhos sobre este pensamento e me veio uma pergunta: Será que realmente somos soberanos sobre nossos corpos e mentes?

Às vezes assistindo televisão e até vendo desfiles de “imposição de modas”, percebo naquela imposição uma massificação de um modelo ideal. Reflito, então: quem realmente é dono daqueles corpos? Nós somos soberanos sobre o nosso corpo? O que você acha?

Lembrando que isso é assim para mim hoje.

*Beto Colombo
Empresário, filósofo clínico, coordenador da filosofia clinica na UNESC
Criciúma/SC

Comentários

Visitas