Andei perdida de textos
escritos, pensei que esse lado escritora meu havia se perdido por entre a vida
corrida do dia a dia. As palavras iam e vinham na minha mente, mas eu não
conseguia capturá-las com precisão. Terminando a pós esse ano me deparo com o trabalho
final e petrifico entre mil e uma ideias. Conflitos, incertezas,
questionamentos, dúvidas quanto a tudo o que aprendi e tudo que experienciei...
Sinto-me mais
conhecedora das minhas sombras e da minha luz. Entretanto, questiono o porquê
dessa escolha dentre tantas outras que envolvem a filosofia. Sempre tive
vocação para as questões existenciais, seja na minha representação de mundo,
como na representação de mundo de outros. Mas vir a ser - filósofa clínica - é
uma tarefa delicada que me faz temer muitas coisas. Ser cuidadora é algo muito
frágil e precioso.
Tenho percebido carências tão primárias nas pessoas com as
quais convivo que penso se realmente há uma segurança de "melhor
viver" através de qualquer terapia. Eu me beneficiei muito com todo meu processo
terapêutico que já tem uns 15 anos. Porém, passei por muito sofrimento!
Reconhecer-se em toda nossa essência é enxergar as nossas polaridades mais
profundas. Não há conhecimento sem reconhecimento de fraquezas, carências,
desejos reprimidos, medos entre outros.
A quantidade de
agendamentos que recebemos todos os dias são ensurdecedores. É muito fácil não
se reconhecer em meio a nossa sociedade cheias de falsas moralidades e fórmulas
mágicas para uma vida completamente feliz. Quanta ilusão vivemos nessa
sociedade capitalista e consumista. A vida ás vezes se torna tortuosa.
Brinco com minha
família e amigos, quando estou muito estressada ou em conflito, que tenho
vontade de ir para o Tibet. É claro que é uma metáfora da necessidade que
descobri que tenho em me recolher em determinados momentos. Me permito esse
recolhimento de reflexão e de meditação! Entretanto, sinto que pareço um ser
estrangeiro no meu habitat natural quando tomo essa postura. Percebo o quão
difícil se torna para alguns uma angústia e uma melancolia passageira. Parece
que vivemos numa sociedade onde a tristeza não tem seu valor e tampouco deve
ser expressada.
Penso em como clinicar
num mundo tão desconexo de si mesmo, onde as novelas são o ópio de muitas
pessoas, a religião a salvação de outras, e a solidão não pode ser exercida
nunca!
E a arte? Essa é coisa
rara em nosso país! Ela existe mais não dá ibope. Jamais poderia deixar de
falar sobre o papel da arte na vida das pessoas. Não por ser artista, mas por
saber o quão libertadora esta foi para minha existência. É o ar que respiro e
me nutro através dela!!! Renovo minhas esperanças quando estou ensinando
teatro, ou quando estou dançando, ou ainda quando vou a um show de boa música,
ou ainda, quando vou ao cinema assistir a um belo filme.
Depois dos estudos de
filosofia clínica pude perceber com muito mais clareza a vida. " A
verdadeira vida ". Antes da FC eu vivia meio anestesiada. Talvez fosse
melhor, entretanto, por motivos ainda não tão claros, esse foi o caminho que
escolhi!
*Vanessa Ribeiro
Filósofa, matemática, atriz, dançarina, estudante de filosofia clínica
Petrópolis/RJ
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