Leio muito. Me delicio,
me apaixono, me surpreendo com os livros. Sou eclética, vou de Dostoievski a
Martha Medeiros, de Fernando Pessoa a John Green, de Hemingway a Aaron
Beck passando por Freud e Jung. Ler
engrandece minha alma. E foi lendo justamente o texto: “O que acontece no
meio” de Martha que me deparei em devaneios sobre a vida.
O texto escreve de
uma forma simples e clara (para alguns até piegas), o que acontecem no meio da
vida, aquela coisa existente entre o nascer e o morrer. E resolvi fazer meus
próprios rabiscos sobre esse meio do caminho.
No meio desse caminho
de sair do tão aconchegante útero materno até a mais temida de todas as coisas
em vida que é a morte, mas também a mais certa de todas, tanta coisa acontece e
a gente nem sequer se dá conta. E aqui vale dizer, o que é importante pra mim
pode não ser em nada importante pra você. Posso dizer que aos meus 33 anos de
vida já vivi coisas, já vivenciei histórias, de alegrias e sofrimentos, já
desfrutei viagens, culturas novas, amizades novas e amizades antigas, amores
que vieram e amores que se foram, mas nem por isso deixaram de ser amor.
Criei
feridas e algumas delas cultivei com tanto afinco que parecia que não queria
que virassem cicatrizes, mas que ficassem abertas, pra sempre sentir sua dor…
lambi minhas feridas. Mas o tempo é implacável e as feridas viram cicatrizes,
marcas, querendo a gente ou não. Marcas as vezes profundas, outras vezes tão
superficiais que nem conseguimos lembrar direito que elas estiveram no meio do
caminho… e nesse meio estudei, formei, estudei de novo, formei de novo e de
novo.
Parece que o estudo nasceu comigo e segue comigo numa relação quase
intrínseca com meu ser, o que não acho ruim. Estudar me faz ver o mundo de uma
forma completamente diferente, aprender pra mim é um dos meus hobbies
prediletos. Curiosidade me define muito bem. Nesse meio também tropecei, me
doei, tive amores, romances, amizades que me iludiram… ou será que eu me iludi
sozinha?
Na verdade nunca sei ao certo sobre esse tema, e gosto muito daquela
frase do mestre Sartre “ importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que
nós fazemos do que os outros fizeram de nós.”. Enfim, devaneios. Só sei
que o meio do caminho foi intenso e continua sendo. E espero que assim
continue. As pedras aparecem, inevitavelmente, mas que possamos levá-las como
aprendizado de que, sem elas o caminho seria monótono e sem graça. E claro,
continuo me apaixonando.
Essa é uma das coisas que jamais quero perder. Me
apaixono por filmes, por séries, por livros… vivo a vida do personagem… me
apaixono por cada cidade que vou, cada país diferente, por cada amizade que
faço. Sou intensa, não sei ser de outra forma. Um lago profundo. E justamente
por ser intensa que me apaixono na forma mais simples e romântica que existe
também… pelo outro, pelo ser que me completa naquele instante, pelo encanto dos
olhos e das conversas sem fim, pelos sonhos compartilhados, pelas noites em claro…
amar.
No fim, a forma mais pura e digna de se viver todo o meio do caminho. E pela qual todo o resto não teria a menor graça. E poderia me atrever a dizer que é a maior busca de todos nesse meio: o amor. Mas sobre esse assunto, ah…. deixemos ele pra um outro momento.
No fim, a forma mais pura e digna de se viver todo o meio do caminho. E pela qual todo o resto não teria a menor graça. E poderia me atrever a dizer que é a maior busca de todos nesse meio: o amor. Mas sobre esse assunto, ah…. deixemos ele pra um outro momento.
*Patrícia Rossi
Psicóloga, especialista em recursos humanos, especialista em filosofia clínica.
Juiz de Fora/MG
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