Enigmático. Sísifo,
condenado pelos deuses a rolar, infinitamente, uma pedra montanha acima. Que
lhe escapava, sempre, antes da chegada ao topo. E ao fim e a cabo de tudo
sentindo-se feliz. E, por que não?
Sísifo. A pedra. A
montanha. E sua tarefa. Mas existia também o bosque ao pé da montanha....
A vida. Suas lidas.
Suas repetições. Suas rotinas. E os seus encantos.... e desencantos.
Pois é. A filosofia
fala-nos da vida. Nasce com a vida. Cresce com a vida. Expande-se com a vida.
Filosofia e vida andam de mão dadas. Ou deveriam....
Que seria de uma
filosofia sem ligação com a vida?. Palavra morta. De significados vazios.
Grito, sem eco....
Seria a tarefa de
Sísifo necessariamente uma condenação? Teria que haver alguma chegada , afinal?
Algum início de caminhada? Não existiria apenas o caminho e o caminhar...?
Ah, a vida e o nosso
viver! E a construção da nossa caminhada. A vida que necessita ser vivida.
Nunca em estagnada resignação. Nem incurável tristeza. Nem melancólica
monotonia.
Por momentos há que
rolar a pedra montanha acima. Rotinas e repetições, algumas, são inevitáveis. E
às vezes vitais. Se algumas coisas necessitam ser feitas, que ainda assim,
sejam feitas com bem-querer, bondade. E com amor.
A montanha nunca ´e a
mesma. Nem nós somos os mesmos a cada repetição. Novidades e surpresas se
acrescentam a cada instante. E se chegássemos ao topo da montanha.
Definitivamente. Como ponto final de nossa caminhada?
Deixa a pedra rolar.
Pode haver beleza na pedra que nos escapa. No lindo bosque. Ao pé da montanha.
Com árvores e riachos. Com flores. E pomares. E amores. Demoremo-nos um pouco
mais no bosque....
Em dias seguintes
retomaremos nosso percurso. E rolando, e rolando. A pedra e as pedrinhas. A
montanha. E o bosque que nos espera. E quando sobrarem forças e
e significados que se
comungam por que não uma ajuda com a pedrinha do meu igual ao meu lado...
Sabe de uma
coisa... ? Deixa a pedra rolar...!
*José Mayer
Filósofo. Estudante de Filosofia Clínica
Porto Alegre/RS
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